Conjuntura – Aliado do PT sugere saída de Palocci

Mar 16 2004
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Zero Hora

Zero Hora, 16/03/2004

Conjuntura – Aliado do PT sugere saída de Palocci

Ministro recusa-se a comentar pressões por sua demissão e vice-líder do governo sai em sua defesa

O fogo amigo voltou a atacar o governo federal. Insatisfeito com a política econômica, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, defendeu ontem as demissões do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. O PL é um dos principais partidos da base aliada do governo, do qual também faz parte o vice-presidente da República, José Alencar, que já criticou várias vezes o nível das taxas de juros.

Costa Neto fez as críticas em entrevista publicada ontem pelo jornal Correio Braziliense, repetiu-as antes da posse do novo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que é do PL, e reforçou-as novamente depois da solenidade.

– Nenhum dos dois (Palocci e Meirelles) têm condições de ficar no governo. O Palocci não tem condições de tocar a economia do Brasil, já provou isso durante um ano. O Palocci tem competência para ser prefeito de Ribeirão Preto, não para ser ministro da Fazenda de um país desse tamanho – disse o presidente do PL.

Para Costa Neto, o líder do governo no Senado, Aloízio Mercadante (SP) seria o nome mais indicado a ocupar o Ministério da Fazenda. Na sua opinião, o senador não foi colocado no cargo porque ninguém suporta ele. Mercadante defendeu Palocci, dizendo que o ministro faz um grande trabalho pelo país.

Copom define amanhã nível da taxa de juro

As críticas de Costa Neto foram feitas justamente na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para hoje e amanhã. Especialistas do mercado financeiro esperam que o Banco Central mantenha a taxa básica de juro em 16,50% ao ano.

No início do mês, a Executiva Nacional do PT pediu, em nota, mudanças na política econômica. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não gostou da cobrança. Na quinta-feira passada, Lula reagiu às declarações para incentivar o crescimento econômico. Exigiu coerência de empresários nos reajustes de preços, mas reconheceu que as taxas de juros ainda são altas no Brasil.

Palocci evitou ontem comentar as pressões por sua demissão. Depois de reuniões no Ministério da Fazenda, o ministro ignorou as perguntas dirigidas a ele na portaria do prédio e, ao contrário do que costumeiramente faz, nem cumprimentou os jornalistas. Em defesa de Palocci, o vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Beto Albuquerque (PSB), atacou Costa Neto.

– Ele (Costa Neto) gosta de aparecer. Acho que o Valdemar está querendo alguns minutos de fama. Estão surgindo mais Darlenes por aí por perto do governo – afirmou, referindo-se à personagem da novela Celebridade, cuja meta é ser famosa.

Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Luiz Marinho, independentemente do debate envolver a permanência ou saída de Palocci e Meirelles, cabe à sociedade cobrar do governo – e não de ministro A, B ou C – atenção maior para a geração de empregos e para a retomada do crescimento da economia.


Ataque e contra-ataque

Valdemar da Costa Neto, presidente do PL:

Nenhum dos dois (Palocci e Meirelles) têm condições de ficar no governo. O Palocci não tem condições de tocar a economia do Brasil, já provou isso durante um ano.

Beto Albuquerque (PSB), vice-líder do governo na Câmara:

Ele (Costa Neto) gosta de aparecer. Acho que o Valdemar está querendo alguns minutos de fama. Estão surgindo mais Darlenes por aí por perto do governo.

Quem é Darlene

Personagem da novela Celebridade, da Rede Globo, interpretada por Deborah Secco, Darlene é uma manicure cujo principal objetivo é ficar famosa.