Congresso elogia resistência a vistorias
Apr
06 2004
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Jornal do Brasil
Jornal do Brasil, 06/04/2004
Congresso elogia resistência a vistorias
O presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), fez ontem a sua
defesa da soberania nacional, ao comentar a questão do programa nuclear
brasileiro. Afirmou que o país não pode ser tratado pelos Estados Unidos
como se fosse a Coréia do Norte ou o Irã.
O presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), fez ontem a sua
defesa da soberania nacional, ao comentar a questão do programa nuclear
brasileiro. Afirmou que o país não pode ser tratado pelos Estados Unidos
como se fosse a Coréia do Norte ou o Irã.
– São países que têm uma tradição de não aceitarem as regras internacionais
de controle da energia nuclear – disse Sarney.
O senador lembrou que o Brasil sempre manifestou interesse em utilizar a
energia nuclear para fins pacíficos.
– Isto está em nossa Constituição. Não há como aceitar um procedimento que
nos coloque sob suspeição – afirmou.
Sarney disse que a posição brasileira em nível internacional tem sido sempre
muito clara e objetiva de não utilização da energia nuclear para fins
bélicos.
– Não há como comparar o Brasil com a Coréia do Norte e o Irã. São países
que declaradamente manifestam interesse em armas nucleares – disse o
presidente do Congresso.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou que o governo dos
Estados Unidos está exorbitando ao exigir do Brasil permissão para que
inspetores da ONU (Organização das Nações Unidas) examinem as instalações de
enriquecimento de urânio em construção em Resende (RJ).
– O Brasil deixou bem clara sua intenção de não desenvolver bomba atômica e
não pode ser tratado como o Iraque de Saddam Hussein. Se o Brasil tem uma
tecnologia (enriquecimento de urânio) que é ambicionada, não pode entregar
essa tecnologia de mão beijada – disse o tucano.
Reportagem sobre a decisão do Brasil de proibir inspetores da ONU de visitar
as instalações foi publicada no jornal americano Washington Post no último
domingo. Segundo o Post, o Brasil argumentou proteção a informações
privilegiadas para proibir a visita de inspetores.
O governo brasileiro argumenta que a instalação de Resende não vai produzir
urânio altamente enriquecido, usado em armas atômicas, mas o urânio pouco
enriquecido para uso em fábricas.
Se, por um lado, o líder do PSDB defende a proibição de visitas às
instalações, por outro lado ele diz que essa exigência dos Estados Unidos
pode ser conseqüência da política externa do governo brasileiro, marcada por
divergências em relação à política americana.
– A política externa do Brasil às vezes é pueril. O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva às vezes é estudantil, quebrador de vidro da Embaixada dos
Estados Unidos. Eu já quebrei muito vidro da embaixada norte-americana, ele
não. Quer quebrar depois de velho. Esses gestos têm consequência – afirmou
Virgílio.
O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), um dos vice-líderes do governo na
Câmara, afirmou que o assunto volta à tona por interesses 100%
comerciais.
– Essa é a velha conversa de americano que fica colocando discurso de paz
para ter acesso à tecnologia dos outros – afirmou o deputado.
– O Brasil adota uma política pacífica. Gastamos US$ 1 bilhão para fazermos
o beneficiamento, não vamos abrir agora por causa desse papo de meia dúzia
de fiscais – afirmou o deputado.