Lula pede coesão de governistas no Congresso
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Jornal do Comércio
Jornal do Comércio, 13/05/2004
Lula pede coesão de governistas no Congresso
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a pedir coesão dos governistas no Congresso para evitar novas derrotas no plenário.
Ontem, durante café da manhã com líderes de partidos aliados na Câmara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a pedir coesão dos governistas no Congresso para evitar novas derrotas no plenário, como o arquivamento da medida provisória que proibia o funcionamento das casas de bingos, na semana passada.
Segundo o vice-líder do PV na Câmara, deputado Edson Duarte (BA), um dos participantes do encontro, os líderes se comprometeram a realizar uma reunião, nos próximos dias, com a participação de todos os líderes de partidos aliados na Câmara e no Senado, para evitar que o Congresso altere o valor do novo salário mínimo (R$ 260,00), proposto pelo governo.
Os líderes também aproveitaram o encontro e reclamaram da dificuldade de convencer seus liderados a defenderem propostas do governo, quando eles não são recebidos pelos ministros.
O presidente Lula teria se comprometido a orientar os ministros a receberem os parlamentares com mais freqüência. “O presidente afirmou que as reuniões com os líderes dos partidos aliados devem ser mais freqüentes, assim como os encontros dos ministros com os parlamentares”, disse Duarte.
Para o vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), o café-da-manhã oferecido pelo presidente Lula é o início de uma série de encontros que serão realizados para estreitar as relações entre o Palácio do Planalto e o Congresso Federal.
Beto Albuquerque criticou os ministros que se recusam a receber parlamentares. “Eu acho que o exemplo que o presidente Lula está dando, de ir ao encontro de sua base de apoio no Congresso, precisa chegar aos olhos dos ministros. O ministério do nosso governo está muito ausente, muito distante das relações políticas do Congresso Nacional”, afirmou o parlamentar gaúcho.
Segundo Albuquerque, o presidente vai reunir o ministério para reiterar que a disposição do governo é a de manter uma relação ampla com a base aliada na Câmara e no Senado.
“Essa é a ordem do presidente. Se tiver ministro querendo ficar acima da ordem do presidente vai ter que dar lugar a outro, porque nós precisamos ter um ambiente de diálogo, de respeito mútuo, que só facilita as coisas quando nós temos que tomar decisões importantes no Congresso Nacional”, disse o vice-líder, sem citar quais os ministros que se recusam ao diálogo.
Sobre o novo valor do salário mínimo, o deputado disse que o governo está participando do debate na comissão especial do Congresso Nacional, mas afirmou que tudo foi feito para oferecer o maior aumento possível.
“Aqui (no governo) se procurou todo tipo de fonte que pudesse subsidiar um aumento maior e não se encontrou. Se o presidente Lula não encontrou, porque o Congresso encontraria”, disse.
De acordo com Albuquerque, o governo está tranqüilo com relação à matéria porque sabe que chegou ao limite da possibilidade de reajuste, ainda que desejasse que esse limite fosse maior.
Depois do encontro, o líder do PSB na Câmara, deputado Renato Casagrande (ES), revelou que o presidente comentou durante o café da manhã a decisão do governo de expulsar do Brasil o jornalista do New York Times, Larry Rohter, que escreveu a reportagem sobre supostos excessos do presidente Lula com bebidas alcoólicas. “O presidente disse que a agressão foi ao Brasil, e foi isso que justificou a sua medida. Ele está tranqüilo e disse que o governo protegeu a imagem do Brasil”, afirmou.
Presidente diz que a liberdade de imprensa está garantida
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem aos líderes dos partidos aliados, que a liberdade de imprensa está garantida no País e que todo mundo pode fazer críticas, análises e interpretações, a propósito da decisão do governo de expulsar o jornalista americano, Larry Rohter, do New York Times. Segundo relato do líder do governo na Câmara, Professor Luizinho, o presidente disse que a decisão de expulsar o jornalista foi tomada porque a matéria – que insinuava o consumo exagerado de bebida alcoólica pelo presidente – desqualificava a Presidência da República, em momento importante para o País no cenário internacional. A decisão do governo, segundo o líder do PMDB, José Borba, recebeu apoio dos líderes aliados.
Lula ainda disse que negará eventual pedido do jornalista Larry Rother para rever a decisão de cancelar o seu visto de permanência no Brasil, segundo relatos de líderes de partidos aliados na Câmara, que participaram de café da manhã no Palácio do Planalto. “Esse jornalista não entra (no País), legalmente estará impedido”, teria dito Lula.
O presidente relatou estar tranqüilo em relação à repercussão da expulsão do jornalista na imprensa internacional. “Com esse jornalista eu nunca tomei um guaraná”, teria dito Lula de acordo com deputados.” Quando estou num ato público segurando um copo de cerveja todos estão vendo. O jornalista não construiu uma notícia sobre as preferências do presidente, mas uma notícia dizendo que a bebida está interferindo no governo numa atitude maldosa com a instituição da Presidência da República”, teria comentado o presidente.
Lula deixou claro que tomaria a decisão novamente se fosse preciso. “Eu sempre contei de um a dez antes de tomar uma posição”, teria salientado. “Em qualquer outra nação um chefe de Estado tomaria uma atitude contra ofensas preconceituosas e maldosas”, teria afirmado. O vice-líder do Partido Verde (PV), Edson Duarte (BA), afirmou que o assunto foi discutido ao final do encontro, quando o deputado Vicente Caccioni(PTB-SP) manifestou apoio a Lula e reclamou da falta de divulgação dos atos e projetos do governo. “O que o presidente deixou claro é que tudo que faz é de conhecimento público, mas a matéria repassou uma versão que não existe”, disse Duarte.