Governo consegue destrancar pauta

Oct 20 2004
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Jornal do BrasilJornal do Brasil, 20/10/2004
Governo consegue destrancar pauta

O rolo compressor governista se impôs sobre a tentativa de obstrução da
pauta no Congresso pelo PSDB e PFL. A Câmara começou a votar ontem, em
regime de urgência, as 19 medidas provisórias e os dois projetos de lei que
trancavam os trabalhos. Até as 20h15, a Casa já havia rejeitado a MP 192,
que tratava da aquisição de terras para fins de reforma agrária, e aprovado
a MP 193, autorizando o repasse de R$ 900 milhões da União aos Estados,
Distrito Federal e municípios para fomentar as exportações do país.

Do total de recursos, a União entregará aos Estados 75%. Os outros 25% serão repassados aos municípios. Os maiores coeficientes ficam com o Pará
(13,89%), Mato Grosso (9,39%) e Espírito Santo (9,27%). Os valores de
janeiro a junho (mês de publicação da MP) serão pagos de uma vez. A matéria
foi enviada ao Senado.

O alto quorum em plenário, que registrava a presença de 377 parlamentares no
início da noite, foi possível graças a um almoço de reconciliação entre o
presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), o ministro da Coordenação
Política, Aldo Rebelo, e os líderes dos partidos da base governista.

Em cerca de duas horas de conversa, depois de desfiarem um rosário de
reclamações, os líderes receberam a promessa de liberação de emendas
parlamentares após o segundo turno das eleições.

– As arestas vão sendo aparadas com o tempo, como um casal que briga e vai
se reconciliando aos poucos. Muita conversa e afagos. Mas o pontapé inicial
foi dado para o início das votações – disse o vice-líder do governo na
Câmara, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), após o encontro.

O acordo para o início das votações também previu a rejeição da MP 192, que
encontrava resistência nas bancadas ruralistas de PMDB e PTB. A retirada do
texto considerado polêmico abriu caminho para as votações. Mesmo assim, até
o fim da tarde, o quorum era baixo: cerca de 300 parlamentares em plenário.
João Paulo Cunha ainda tentou costurar um entendimento com a oposição que,
irredutível, jogava a responsabilidade de destrancar a pauta para o governo,
apostando que a insatisfação da base inviabilizaria a apreciação das MPs.

Pouco depois das 19h, quando o governo submeteu à votação o requerimento de retirada de pauta das medidas provisórias, rejeitado com 252 votos, o quorum para o restante da votação já estava garantido.

– Vamos para a votação. Cada partido é responsável pela sua ação – desafiou
João Paulo.

Agora, a intenção do governo é aprovar, depois do segundo turno das
eleições, projetos considerados relevantes à economia do país, como a Lei de
Falências, a Parceria Público-Privada e a definição das novas regras para
agências reguladoras. Ontem, João Paulo anunciou a realização de sessão
deliberativa até sexta-feira.