O teatro do poder

Oct 24 2004
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Zero Hora

Zero Hora, 24/10/2004

O teatro do poder

QUEM É QUEM NA BANCADA RURALISTA

O EMERGENTE

O deputado Leonardo Vilela (PP-GO), 39 anos, é o atual presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara. Médico e jovem líder da bancada, mantém um bom relacionamento com o ministro da Coordenação Política do governo, Aldo Rebelo. Produtor de leite de Goiás, defende bandeiras mais tradicionais dos ruralistas, como transgênicos e políticas para o incremento do setor leiteiro. Exerce o primeiro mandato, eleito com 63.715 votos.

O NEGOCIADOR

Gaúcho de Candelária, o deputado Luis Carlos Heinze (PP) também é produtor rural. É quem se dedica às negociações diretas com os técnicos dos ministérios. Além de defender os transgênicos, também participa dos acordos a favor da produção de arroz e atua com vigor na renegociação das dívidas dos produtores rurais. Na última eleição, obteve 132.395 votos.

A MULHER

Presença feminina da bancada ruralista, Kátia Abreu (PFL-TO) participa, principalmente, dos debates sobre questões agrárias e trabalho escravo. Empresária rural, foi presidente da Frente Parlamentar da Agricultura e não economiza argumentos em defesa da propriedade. Sempre trajando terninhos da moda e com bolsas Louis Vuitton a tiracolo – que, ela mesma reconhece, são cópias compradas em feiras de Nova

York -, é atuante mesmo quando as negociações exigem debates com integrantes da equipe econômica. Com planilhas nas mãos de unhas bem feitas, defende o interesse dos produtores rurais. Foi eleita com 76.170 votos.

O DIPLOMATA

Francisco Turra (PP) foi ministro da Agricultura, conhece o funcionamento do governo e integra as negociações da bancada sobre os projetos ligados à agropecuária. Atua principalmente nos bastidores, direcionando as articulações às questões agrícolas e de cooperativismo. Gaúcho de Marau, obteve 100.527 votos em 2002.

O TRADICIONAL

Ronaldo Caiado (PFL-GO) é a sombra da tradição na bancada. Produtor rural, foi o primeiro presidente da União Democrática Ruralista (UDR) e ainda entra nas divididas nas negociações mais difíceis sobre as questões agrárias. Influencia as decisões dos líderes do PFL quando o assunto é agricultura. Foi candidato à Presidência da República em 1989. Prefere entendimentos de bastidores aos debates em plenário. Em 2002, teve 114.728 votos.

AS OUTRAS BANCADAS NA CÂMARA

Bancada da bola

A bancada do futebol ou da bola, como ficou conhecida, ganhou projeção durante a CPI da Nike na legislatura passada. O grupo atua na formulação de legislação sobre o esporte no país. Desgastada com a CPI, a bancada sofreu um revés nas urnas, com a derrota de vários nomes de expressão vinculados a clubes de futebol, como Eurico Miranda, do Vasco, e Zezé Perrela, do Cruzeiro. Mesmo assim, a CBF tem representatividade importante no Congresso, com os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) (foto).

Bancada dos evangélicos

A Frente Parlamentar Evangélica reúne 58 deputados e congrega parlamentares de diferentes igrejas de orientação evangélica. Trabalha unida e tenta atrair os católicos, principalmente para lutar contra temas polêmicos como a liberação do uso de embrião para pesquisas com células-tronco, regulamentação da união homossexual e aborto. O presidente da Frente é o deputado catarinense Adelor Vieira (PMDB).

Bancada da saúde

Formada por deputados que defendem projetos da área da saúde, atua principalmente quando o assunto são planos de saúde, repasse do SUS e mudanças nas regras de hospitais. Somente a Frente Parlamentar da Saúde conta com cerca de 237 deputados, mas tende a votar unida apenas quando se trata de aumentar verbas do Orçamento da União para o setor. O deputado Darcísio Perondi (PMDB) é um dos principais líderes.

Bancada sindical

Ganhou peso na última eleição, passando de 44 para 60 parlamentares, sendo 55 deputados e cinco senadores. Aos poucos, começa a se articular, principalmente com os debates da reforma trabalhista. Foi incrementada com a chegada de representantes do sindicalismo cutista, como Vicentinho (PT-SP), ex-presidente da CUT, e o senador petista Paulo Paim (foto).

Bancada da reforma Agrária

É a principal oposição à bancada ruralista. Seus integrantes fazem parte da Comissão de Agricultura, mas formam o Núcleo Agrário do PT. Identificados com movimentos sociais ligados aos sem-terra e aos pequenos produtores, defendem a reforma agrária e o crédito para a agricultura familiar. O deputado gaúcho petista Adão Pretto (foto) é um dos principais líderes, ao lado da catarinense Luci Choinacki (PT).

A força do agronegócio

– As exportações de produtos do agronegócio brasileiro geraram receita de US$ 29,8 bilhões entre janeiro e setembro deste ano

– O agronegócio representa cerca de 30% do PIB nacional

– Nos primeiros meses do ano, o agronegócio foi o terceiro setor da economia na geração de emprego

As bandeiras da bancada

– Projeto de Lei de Biossegurança, com facilidade para liberação comercial dos transgênicos

– Rastreabilidade bovina

– Infra-estrutura de portos e rodovias

– Código Florestal