O Globo, 28/10/2004 Câmara só retoma votações no dia 9
Após ameaçar cortar ponto, João Paulo teve de ceder e adiar volta ao trabalho
BRASÍLIA. Depois de ameaçar por mais de três semanas o corte nos salários dos deputados que não comparecessem às sessões deliberativas em Brasília, como forma de tentar garantir as votações, o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), cedeu e só vai retomar os trabalhos no dia 9. A decisão de cancelar as sessões deliberativas de hoje e de amanhã e da semana que vem foi tomada ontem, após reunião com todos os líderes de partidos, tanto governistas quanto de oposição.
Líderes fizeram acordo para votar 21 medidas
Segundo o líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP), foi feito um acordo de procedimento entre os líderes para votar as 21 medidas provisórias que trancarão a pauta da Casa até 9 de novembro. No dia 8, os líderes da base voltarão a se reunir para discutir o mérito das medidas provisórias.
– A segurança total é que vamos votar. O mérito ainda não foi debatido, mas vamos tentar construir uma pauta para deliberarmos até o dia 15 de dezembro. O acordo de procedimento ajuda muito e o trabalho seguinte é negociar (o mérito) as matérias – afirmou Luizinho.
João Paulo não conseguiu convencer a oposição a desistir da obstrução, que ganhou nas últimas três semanas o apoio de partidos da base aliada e inviabilizou as votações na Casa. Há dois meses e meio a Câmara está parada, sem votações, principalmente por causa das eleições municipais.
Compromisso para garantir presenças em novembro
O presidente da Câmara arrancou dos líderes da base um compromisso de garantir a presença dos aliados em novembro. – A obstrução só tem êxito quando a oposição ganha aliados do governo – disse o vice-líder do governo, Beto Albuquerque (PSB-RS).
