Planalto endurece com infiéis

Apr 01 2005
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Zero Hora

Zero Hora, 01/04/2005
Planalto endurece com infiéis
 
A crise gerada pelo impasse da votação da Medida Provisória 232, que reajusta em 10% a tabela do Imposto de Renda, está forçando o governo a endurecer com os infiéis no Congresso.

Líderes governistas apresentaram à coordenação política do Planalto duas linhas de ação contra os rebeldes: o corte de cargos no governo de apadrinhados e a liberação de emendas só para quem segue a orientação oficial.

– A situação chegou ao limite. Quem hoje se comporta de maneira dúbia não pode ter espaço no Executivo – reclama o vice-líder do governo, deputado Beto Albuquerque (PSB).

Nos últimos dias, os líderes têm acompanhado o comportamento dos parlamentares da base, inclusive com a lista de votações das sessões. Na noite de quarta-feira, a votação da MP 232 na Câmara foi barrada porque a base aliada avaliou que não tinha votos para evitar que a oposição aprovasse apenas a correção de 10% do Imposto de Renda, deixando de lado o aumento de tributação para a pessoa jurídica.

Assustado com o desempenho, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, manteve reuniões informais com líderes sobre o futuro das negociações na Casa. Ele integra o grupo que defende as retaliações. João Paulo lembrou que a MP 232, fruto de negociações com as centrais sindicais, deveria prever somente a correção da tabela do Imposto de Renda, uma pauta positiva. Por pressão da equipe econômica, foram incluídas medidas que atingiram o setor empresarial. A MP acabou gerando um problema político, inclusive dentro da base governista.

Apesar de ser da ala de oposição do PMDB, o deputado Eliseu Padilha (PMDB) tinha fechado acordo para votar com o governo pela rejeição da MP. Mas como a estratégia mudou, empurrando a votação por mais um dia, ele disse que não teve o que fazer.

– De qualquer maneira, endurecer com a base neste momento, em que ela já está fragilizada, pode ser pior ainda – avalia o deputado.

( carolina.bahia@zerohora.com.br )

 
Deputado federal Beto Albuquerque (PDSB):
"Quem hoje se comporta de maneira dúbia não pode ter espaço no Executivo."