Governo troca vice-líderes para agilizar votações na Câmara
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Valor Econômico
O fortalecimento dos vice-líderes também vai coincidir com um período em que a Câmara deve voltar a ser um palco importante dos trabalhos do Congresso – posto perdido, ano passado, para o Senado, porque a Casa ficou paralisada com as discussões para a reeleição da mesa diretora. Os textos finais dos principais projetos do governo foram alinhavados no Senado. A valorização das 16 comissões temáticas da Câmara, que passarão a ter a prerrogativa de analisar as questões que dizem respeito à sua área, inclusive o orçamento e programas, está prevista ainda para 2005.
Todo o processo de substituição dos vice-líderes está sendo negociado em sigilo. Oficialmente, nenhum interlocutor do presidente ou congressista fala no assunto. Não se sabe quando o presidente Lula dará a palavra final a respeito dos nomes de seus colaboradores na Câmara. Alguns parlamentares governistas, porém, apostam que o presidente executará a reestruturação da liderança do governo na Câmara em maio.
O presidente deve voltar à estrutura que havia no primeiro ano de governo, indicando cinco vice-líderes. "Hoje em dia a situação está problemática, muitas vezes assuntos importantes são analisados em comissões sem acompanhamento do governo", afirmou um deputado da base. Sigmaringa Seixas (PT-DF) e Vicente Cascione (PTB-SP) têm poucas chances de se manterem como vice-líderes.
A indicação dos novos vice-líderes será o penúltimo passo para que o governo tenha um novo perfil na Câmara. A indicação de Arlindo Chinaglia (PT-SP) para suceder o Professor Luizinho na liderança do governo e as conversas entre o presidente Lula e os principais líderes dos partidos aliados deu, segundo avaliação corrente no governo, um novo gás ao Executivo na Câmara, mesmo sem controlar a presidência na Casa, nas mãos de Severino Cavalcanti (PP-PE). Faltaria ao governo, de acordo com essa avaliação, ter vice-líderes atuantes para contornar os problemas políticos que forem surgindo no dia a dia e acompanharem as comissões.
"Com Chinaglia a base está mais sólida, os acordos são cumpridos e o governo não entra em Plenário se correr o risco de perder", afirmou outro parlamentar governista. Com essa nova postura, o governo espera também que os deputados assumam o ônus de serem aliados, ou seja, terão de votar os projetos impopulares. "Não pode ser apenas o PT a ser punido, quando teve de votar, a contragosto, a reforma da Previdência", completa o deputado.
O atual cenário, que ainda vem da frágil liderança governista de 2004, está deixando o governo em melhor situação também pela presença de Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A comissão sempre foi considerada a mais importante da Casa, todos os projetos passam por ela, e tem seu peso redobrado nos momentos em que falta articulação ao governo e sobra atenção à oposição, que acabou dominando a liderança das comissões econômicas. "Tenho que ficar muito atento, minha responsabilidade aumentou", disse Biscaia, lembrando que o problema foi agravado com a presidência de Severino. "Antes, se ocorresse algum equívoco, ainda tínhamos a presidência da Casa para controlá-lo, agora não podemos nos enganar mais", completou. (HGB)