Contra-ataque com setor elétrico

May 25 2005
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Estado de Minas

Estado de Minas, 25/05/2005
Contra-ataque com setor elétrico
Brasília – Consciente de que será muito difícil mudar o quadro no Congresso e inviabilizar a CPI dos Correios, a base aliada partiu para o contra-ataque. O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, e os líderes partidários decidiram instalar na próxima semana a CPI para investigar a privatização do setor elétrico. Mesmo com o acordo, parlamentares manifestaram, durante a reunião, a preocupação com a instabilidade que a investigação pode provocar na área. A decisão em iniciar a apuração, entretanto, foi tomada de forma unânime.

Os líderes partidários disseram que ainda vão acertar a indicação para presidente e relator da comissão e ressaltaram que a CPI será tratada com responsabilidade. “O setor elétrico passa por dificuldade e essa CPI não pode ser tratada de forma irresponsável”, afirmou o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia, um dos defensores da instalação da CPI.

A CPI do setor elétrico não é constituída para fazer pressão sobre ninguém, mas para investigar com responsabilidade – Renato Casagrande (ES), líder do PSB

Segundo Maia, se a CPI não for instalada pode parecer que os deputados não querem investigar a privatização. Na semana passada, a oposição afirmou que líderes aliados estavam usando a instalação da CPI do setor elétrico como chantagem para impedir a criação da CPI dos Correios. Mas os líderes da base governista afirmaram na reunião de ontem que não estavam chantageando. “A CPI do setor elétrico não é constituída para fazer pressão sobre ninguém, mas para investigar com responsabilidade”, ressaltou o líder do PSB, Renato Casagrande (ES).

Os líderes do PSDB e do PFL procuraram inclusive minimizar a ameaça dos partidos da base de, em resposta às investigações nos Correios. “Não temos por que temer. A CPI do setor elétrico foi sugestão minha e só não foi criada porque os representantes dos partidos ainda não foram indicados”, justificou Arthur Virgílio, que voltou a definir como “pouco provável” que o governo consiga, nas últimas horas do prazo, convencer quase 70 parlamentares a voltarem atrás em suas adesões. “Não seríamos incoerentes de apoiar uma CPI e rejeitar a outra. Os deputados da base nos ameaçam como se tivéssemos medo, mas estamos tranqüilos”, garantiu o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ).

O presidente do Senado, Renan Calheiros defendeu a importância de uma investigação exemplar para atender às expectativas da sociedade. “As perguntas não podem ficar no ar. A denúncia, é importante investigá-la para que a sociedade tenha a resposta que quer ouvir”.

Os comentários do líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS) sobre o comportamento de alguns parlamentares da base, que, segundo ele estariam ajudando a oposição a criar um episódio que servirá de palco para a disputa eleitoral ao assinarem o requerimento para abertura da CPI dos Correios, causaram mal-estar na Câmara. O próprio líder do governo na Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP) definiu a fala de Albuquerque como “inoportuna e desastrada”, após ser procurado por vários parlamentares aliados irritados com as declarações.