“O PT perdeu o tempo de ter a presidência da Câmara”

Entrevista: Beto Albuquerque, deputado federal (PSB)

ALEXANDRE ELMI

Vice-líder do governo, o gaúcho Beto Albuquerque (PSB) está disposto a deixar o cargo para concorrer à sucessão de Severino Cavalcanti (PP-PE). Beto defende que o sucessor saia de um partido da base aliada que não tenha sido manchado pelas denúncias e descarta a hipótese de o cargo acabar nas mãos do PT.

A seguir, os trechos da entrevista:

Zero Hora – O senhor vai se lançar candidato à presidência da Câmara dos Deputados?

Beto Albuquerque – Vou colocar o meu nome à discussão da maioria. O erro, neste momento, seria transformar uma sucessão de um presidente cassado em uma disputa entre partidos. Temos de tirar um nome de dentro da maioria da Câmara e da base aliada. Impensável é enxergar a minoria presidindo.

ZH – O senhor falou sobre a candidatura com o Planalto?

Beto – Não, e acho que o governo não pode misturar os interesses.

ZH – O fato de o senhor ainda ser vice-líder do governo não o vincula ao Planalto?

Beto – Para apresentar o meu nome, vou entregar a condição de vice-líder. Não quero esse vínculo.

ZH – Sua candidatura não colide com a do deputado Eduardo Campos (PSB-PE), que está sendo cogitado para o cargo?

Beto – É um bom nome, assim como Aldo Rebelo (PC do B-SP), ex-líder do governo. Mas não inibe a minha disposição. Dos aliados, só PSB e PC do B estão tranqüilos para fazer essa postulação.

ZH – Que apoio o senhor tem?

Beto – Cogitamos com um grupo do PSB. Tenho amigos na oposição, com os quais nunca tive dificuldade de dialogar, diferentemente dos atuais líderes do governo, que são estreitos e individualistas.

ZH – Qual deve ser o perfil do candidato?

Beto – Esse nome deve ser de alguém disposto a não ser 100% obediente nem ao governo nem à oposição. O PT não tem de ter candidato. A alta cúpula do PT é protagonista dessa crise. Como presidirá a Câmara no momento em que temos de julgar os episódios? O PT perdeu o tempo de ter a presidência da Câmara.