Combustível na crise
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Zero Hora – Porto AlegreZero Hora – Porto Alegre, 12/9/2005
Combustível na crise
Com a decisão de Severino Cavalcanti de não renunciar nem pedir licença da presidência da Câmara, está armado o cenário para uma crise mais longa do que seria tolerável nas atuais circunstâncias. A oposição deverá pedir amanhã a abertura de um processo de investigação no Conselho de Ética, mas não se cassa um deputado da noite para o dia.
Até que apareçam as provas materiais, Severino seguirá jurando inocência.
A pergunta que se impõe neste início de semana é: os deputados da oposição cumprirão a ameaça de dar as costas a Severino e não participar de qualquer sessão presidida por ele?
O líder da bancada do PT, Henrique Fontana, acha que seria um protesto infantil e só beneficiaria os parlamentares que estão na fila da cassação, encabeçada por Roberto Jefferson. Fontana pretende reunir os líderes hoje e propor que, juntos, solicitem uma perícia isenta à Polícia Federal.
– O país não pode conviver com essa guerra de peritos. Em 48 ou no máximo 72 horas o Estado brasileiro tem de convocar um perito oficial para esclarecer a dúvida sobre a autenticidade do documento que incrimina Severino.
O PT respirou aliviado com a decisão de Severino de não se licenciar. O governo temia um acordo com o mesmo grupo que o elegeu para que o presidente da Câmara se afastasse do cargo temporariamente, deixando o comando da casa nas mãos de José Thomaz Nonô, do PFL, nesse período crítico de julgamento dos acusados de corrupção.
Depois da entrevista de Severino, o deputado Beto Albuquerque (PSB) concluiu que não há como evitar a abertura de um processo:
– Ele explicou, mas não convenceu. Se tem tanta certeza de que é inocente, por que não abriu mão do sigilo bancário?
Coluna Rosane de Oliveira