Ponto de Vista: As tragédias de cada dia

Dec 19 2005
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Diário Popular – PelotasDiário Popular – Pelotas, 19/12/2005
Ponto de Vista: As tragédias de cada dia

A cada fim de semana e feriado prolongado vêm à tona as lamentáveis estatísticas da violência no trânsito. No feriadão da Proclamação da República chegamos próximos a 40 mortos, além de dezenas de feridos, no Rio Grande do Sul.

Estima-se que cerca de 31 mil pessoas morrem por ano em decorrência do trânsito no Brasil. Os desastres atingiram proporções tão alarmantes que a própria Organização Mundial de Saúde chama a atenção para os acidentes no trânsito, como sendo um grave problema de saúde pública que, além das vítimas fatais, se traduz em elevado custo de atendimento médico-hospitalar e de reabilitação dos acidentados.

Além da desatenção dos motoristas e ultrapassagens em local proibido, a mistura entre álcool e a direção tem sido preponderante nas tragédias. Pesquisas realizadas pelo Departamento Médico Legal e pela Universidade Luterana do Brasil revelaram que 32,5% das vítimas fatais de acidentes em Porto Alegre e Região Metropolitana haviam consumido álcool em quantidades superiores as permitidas, confirmando um dos principais causadores de acidentes no trânsito.

Neste sentido, é exemplar o trabalho realizado pela Fundação Tiago Gonzaga, que desenvolve ações de conscientização no trânsito, em especial de jovens. Tive a oportunidade de aprovar proposição de minha autoria, na Câmara, corrigindo uma lacuna legal que conduzia à impunidade os motoristas alcoolizados. O projeto, que também mereceu acolhida no Senado, permite enquadrar motoristas alcoolizados como infratores ou criminosos do trânsito, mesmo que se recusem a se submeter ao bafômetro ou exame de sangue.

No intuito de somar esforços para o estudo das causas e tragédias do trânsito, formamos no Congresso Nacional a Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro, que tenho a honra de coordenar. Esperamos, com isso, contribuir para a elaboração de medidas que fechem o cerco contra as tragédias que vitimam nossas famílias e ceifam muitas vidas.

Obras de engenharia, restauração, sinalização de rodovias, trevos, passarelas, faixas de segurança, fiscalização eficiente não serão suficientes se a principal obra, a da consciência, da atitude, não for assimilada como padrão de comportamento por todos que convivem com o transporte em movimento, o nosso trânsito. Portanto, é preciso aliar conhecimento com disposição para enfrentarmos as tragédias e conquistarmos um trânsito realmente seguro. Este é o nosso desafio de cada dia.

Beto Albuquerque Deputado federal (PSB/RS), presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro