Editorial
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Diário Popular – PelotasDiário Popular – Pelotas, 21/01/2006
Editorial
O governo federal investirá R$ 2,7 milhões para revitalizar o terminal rodohidroviário de São José do Norte. O projeto beneficiará mais de 1,7 milhão de pessoas que utilizam o transporte hidroviário, para Rio Grande, e rodoviário, no interior do município. Convênio, a respeito, foi assinado, esta semana, em Brasília, em ato de que participou o deputado federal Beto Albuquerque, um dos responsáveis pela inclusão da obra na relação das prioridades do governo federal em 2005/2006. O projeto tem relevante significado sob diversos aspectos. Por exemplo, o investimento em São José do Norte é superior a 10% do total de recursos destinados pelo Ministério dos Transportes para obras hidroviárias em todo o país. O novo terminal proporcionará melhores condições de transporte, estimulará o turismo, o comércio e novos empreendimentos em diversas áreas. O convênio prevê o empenho imediato de R$ 430 mil e, o restante, até abril deste ano. Assim, a prefeitura – que dará R$ 250 mil como contrapartida – já pode licitar a obra.
O investimento também tem significado especial, pois os governos em geral investem pouquíssimo em hidrovias; por isso, essa obra, em São José do Norte, pode ser até considerada um caso excepcional. Também tem significado de certo modo inédito considerando a histórica negligência dos governos quanto a investimentos públicos nessa região litorânea, localizada entre a Lagoa dos Patos e o Atlântico; antigo e absurdo exemplo disso é o caso da rodovia federal (BR-101) que se tornou tristemente famosa pela denominação de "Estrada do Inferno"; iniciada há 30 anos, sua pavimentação ainda não foi concluída. Fazê-lo, agora, seria resgatar essa antiga dívida do governo com uma região que tem grande potencial de desenvolvimento, inclusive em decorrência da sua proximidade do Porto de Rio Grande.
Há muito tempo, estuda-se a melhor forma de aproveitar o grande potencial hidroviário do estado. Uma delas seria criar um canal de escoamento pela Lagoa dos Patos, projeto incluído na agenda das Parcerias Público-Privadas do governo gaúcho. O empreendimento revitalizaria os portos que têm capacidade ociosa, como os de Estrela, Cachoeira do Sul, Charqueadas e Pelotas. Além disso, melhoraria a condição de navegação dos rios Taquari e Jacuí. Estudo a respeito foi encaminhado ao Banco Mundial, que deverá dar parecer nos próximos meses. A revitalização das hidrovias daria novo impulso às exportações gaúchas, influindo, inclusive, na queda de preço dos transportes. Na Europa é muito comum a concorrência intermodal – rodovia, ferrovia e hidrovia – com bons resultados. O porto de Pelotas, que tem boas condições de operacionalidade, inclusive no que se refere ao calado, está inserido nesse projeto. Por isso, é importante que as lideranças pelotenses acompanhem com especial atenção sua tramitação e contribuam para sua execução.
Desde que optaram, equivocadamente, pelo rodoviarismo, os governos esqueceram que as outras vias de transporte são tão ou mais importantes para o desenvolvimento do país. Conforme o tipo de carga e a extensão do trajeto, a ferrovia ou a hidrovia são, sem dúvida, as melhores opções. O mais paradoxal é que, mesmo adotada a mentalidade rodoviarista, as estradas, até as BRs, chegaram a uma situação de extrema precariedade.