PSB quer Ciro como candidato

Mar 08 2006
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Correio Braziliense

Correio Braziliense, 8/3/2006
PSB quer Ciro como candidato

Eumano Silva

Tema do Dia – Sucessão
Partido formaliza pedido para que o ministro dispute uma vaga na Câmara dos Deputados ou saia como vice na chapa de Lula. Mas aguarda negociações entre o Planalto e os peemedebistas

A executiva nacional do PSB fez ontem um pedido formal para que o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, saia do governo e fique à disposição do partido para participar das próximas eleições. Ciro vai concorrer a uma vaga de deputado federal pelo Ceará ou será vice na chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A definição do cargo a ser disputado depende do avanço das negociações com outros partidos, em especial o PMDB.

O ministro vai levar o pedido da direção partidária a Lula assim que o presidente voltar da viagem à Inglaterra. Desde o final do ano passado, Ciro prepara-se para ser vice de Lula. Sabe, no entanto, que a prioridade do Palácio do Planalto é amarrar uma aliança estratégica com o PMDB, partido com muito mais força eleitoral do que o PSB. Se as conversas forem bem-sucedidas, a vaga de vice ficará com um peemedebista.

A possível escolha de Ciro para vice foi noticiada pelo Correio no dia 7 de dezembro, depois que o ministro comentou com familiares e correligionários os sinais recebidos de Lula. Na ocasião, a prioridade já era o PMDB, mas o presidente ainda não reagira nas pesquisas eleitorais e as chances de um acordo com os peemedebistas revelavam-se menores do que hoje. Agora, com o crescimento da popularidade, Lula passou a acreditar mais na coligação com o PMDB.

Ciro concorda com a estratégia do Planalto e tem demonstrado interesse em consolidar a coligação com o PMDB. Reconhece a importância do partido e, se não puder ser vice, tem tudo pronto para se candidatar a deputado federal. Ex-prefeito de Fortaleza e ex-governador do Ceará, o ministro desfruta de grande popularidade no estado. Ao PSB, interessa ter deputados puxadores de votos para ajudar na meta de obter 5% dos votos do país, cláusula de barreira estabelecida para limitar o número de partidos em funcionamento.

Lula também dá sinais de gostar da idéia de ter Ciro na chapa. O presidente costuma elogiar o comportamento do ministro na defesa do governo, mesmo nos momentos mais difíceis da crise de 2005. Na última reunião ministerial do ano passado, Lula destacou Ciro para o papel de porta-voz do governo, junto com Jaques Wagner, da Coordenação Política.

Carta aberta
Na reunião de ontem, o PSB decidiu ainda produzir um documento aberto à população, nos moldes da “Carta aos Brasileiros”, lançada por Lula na campanha eleitoral de 2002. O texto tem o objetivo de divulgar as propostas do partido para o país, independentemente do programa de campanha da reeleição do presidente, e vai apontar caminhos para o crescimento da economia. Será uma espécie de padronização do discurso nacional do partido para este ano.

O partido não tem pressa em formalizar alianças eleitorais, nem mesmo com Lula. Uma corrente interna acha que, talvez, o melhor caminho seja não fazer coligações para liberar os acordos regionais. Pela decisão de ontem, fica implícita até mesmo a possibilidade de Ciro ser candidato a presidente. A escolha de Ciro para vice poderia tirar as dúvidas e segurar os socialistas junto ao PT.

No Distrito Federal, o partido espera a confirmação das regras e a decisão do governador Joaquim Roriz (PMDB) sobre a candidatura. Enquanto não escolhe a estratégia eleitoral, sofre assédio do PT e do PCdoB, que lançou o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz para o Palácio do Buriti.

Participaram da reunião de ontem Ciro Gomes, o presidente nacional do partido, deputado Eduardo Campos (PE), o ex-ministro da Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, o líder do partido no Senado, Antonio Carlos Valadares (SE), o líder na Câmara, Renato Casagrande (ES), o vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque, a ex-prefeita Luiza Erundina e o presidente do PSB do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.