CNI acha preocupante corte de apenas 0,75 ponto

Mar 09 2006
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Jornal A Cidade – Ribeirão PretoJornal A Cidade – Ribeirão Preto, 9/3/2006
CNI acha preocupante corte de apenas 0,75 ponto

O presidente da CNI, Armando Monteiro, afirmou que tinha a expectativa de que o Copom promovesse um corte acima de um ponto porcentual na taxa Selic. “Há espaço para um corte maior ainda. Eu reduziria em 1,5 ponto percentual, mas o Banco Central vem se mostrando mais uma vez extremamente conservador”, afirmou Monteiro, por meio de nota distribuída por sua assessoria.

Na nota, ele diz que a indústria frustrou-se com a decisão. Para a CNI, a queda do risco país aliada à inexistência de pressões inflacionárias e a tímida reação da atividade econômica seriam fatores que justificariam uma redução maior da taxa de juros. “A atual situação da economia não justifica a manutenção de juros reais básicos tão elevados, acima de 11% ao ano”, afirma a nota.

Além disso, segundo a CNI, a decisão emite sinais preocupantes sobre a trajetória futura dos juros, com impactos negativos sobre a confiança dos agentes e as decisões de investimento das empresas. “Essa pequena queda afeta a capacidade de expansão da economia e continua distanciando o país de uma trajetória de crescimento sustentável”, afirma Armando Monteiro.

O líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que os três diretores derrotados na reunião do Copom que reduziu em 0,75 ponto porcentual a taxa básica (Selic) de juros estavam certos ao defender um corte de um ponto porcentual. Segundo Maia a redução em 0,75 ponto porcentual “é o reflexo da mediocridade da equipe econômica e do presidente Lula.”

O parlamentar afirmou que, com uma taxa de juros real ainda acima de 10% ao ano, “é inviável, para um país como o Brasil, crescer e se desenvolver.” Maia acrescentou: “É impossível a um país em que dois bancos lucram juntos R$ 10 bilhões ao ano crescer nos níveis que precisa para melhorar a renda.” O deputado lembrou que um corte maior nos juros teria um efeito benefício sobre a taxa de câmbio e ajudaria o setor exportador.

A decisão do Copom frustrou também parlamentares da base de apoio do governo. Para o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), um dos vice-líderes do governo na Câmara, afirmou que faltou ao Copom “coerência com a realidade” econômica ao decidir-se pelo corte de 0,75 ponto porcentual na taxa Selic. Segundo o deputado todos os indicadores apontavam para a possibilidade de uma decisão menos conservadora.

Entre esses dados, Albuquerque mencionou, especialmente, o equilíbrio das contas públicas e o controle da inflação. “Não há nenhuma razão, nenhum problema que justifique manter o juro tão alto”, disse o parlamentar, considerando que o voto de três diretores em favor de um corte de um ponto porcentual na Selic foi mais coerente com a realidade. “Seria importante avançar mais neste momento, para dar um oxigênio à economia e melhorar a questão cambial”, concluiu o vice-líder.