Planalto tem pressa

Mar 23 2006
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Correio BrazilienseCorreio Braziliense, 23/3/2006
Planalto tem pressa

O ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, afirmou ontem que a orientação de quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa não partiu do Palácio do Planalto. Segundo ele, o governo está empenhando em encontrar os culpados, que serão punidos. “Posso garantir que do Planalto não saiu a orientação para se quebrar o regime legal do estado democrático”, disse ele.

Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu mais uma reunião de coordenação política para avaliar a situação de Palocci e buscar uma solução para a quebra do sigilo do caseiro. Lula pediu aos ministros presentes ao encontro que o caso seja resolvido rapidamente e que o responsável seja punido, para diminuir o desgaste gerado pela quebra ilegal do sigilo. “O presidente não vai conviver com a quebra da regra democrática”, disse Wagner.

Os ministros avaliaram junto com o presidente que, após essa medida, o governo trabalhará para abafar a crise e segurar Palocci no cargo. Wagner afirmou que o governo mantém a disposição de manter o ministro Palocci até o final de dezembro. Para o ministro, não há, até o momento, motivos suficientes para a saída de Palocci. Segundo ele, é preciso aguardar as investigações, tanto sobre a quebra de sigilo quanto sobre a veracidade do depoimento do caseiro. “O presidente Lula sustenta a posição do ministro Palocci. A menos que as investigações revelem alguma coisa que lhe seja impeditiva, o ministro continua no cargo”, afirmou Wagner.

O ministro afirmou que o governo não apontará culpados antes da conclusão das investigações da Polícia Federal. “A PF está investigando e a gente não pode fazer ilação nem para um lado nem para outro”, afirmou. De acordo com Wagner, a investigação vai esclarecer quem foi o responsável pelo vazamento e quem foi responsável pela quebra do sigilo.

Reunião

Francenildo acusou Palocci de freqüentar a casa da “República de Ribeirão Preto” no Lago Sul. No local, Palocci teria se reunido com ex-assessores envolvidos em suspeitas de corrupção. Palocci, que negou à CPI ter freqüentado a residência, foi desmentido pelo caseiro. Integrantes da Caixa Econômica Federal vazaram para a revista Época o sigilo bancário do caseiro. O objetivo era por em dúvida a versão do caseiro. O ministro concluiu criticando o que chamou de excitação do clima eleitoral. “Há uma excitação excessiva no embate político eleitoral. Isso não é bom para a democracia. O clima está ultrapassando o nível de tensão que é desejável, seja pela quebra de sigilo, seja pela montagem de uma história. Temos que esperar com tranqüilidade as investigações”, afirmou o ministro.

O vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), afirmou ontem após participar de uma reunião sobre orçamento do Planalto que Palocci estava bem-humorado e cumprindo sua agenda normalmente. Sobre a quebra do sigilo do caseiro, Albuquerque disse que agora, cabe descobrir quem quebrou o sigilo do caseiro, “o que é inaceitável, pois não se pode aceitar essa violação da lei”. O deputado afirmou que a crise política não está interferindo no trabalho do ministro. “Não vai ser um berro da oposição que vai tirar o humor do ministro ou a disposição dele de trabalhar”, garantiu.

Posso garantir que do Planalto não saiu a orientação para se quebrar o regime legal do estado democrático
Jaques Wagner, ministro de Relações Institucionais