Governo nega dinheiro público para a Varig
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Jornal do Comércio – Porto AlegreJornal do Comércio – Porto Alegre, 12/4/2006
Governo nega dinheiro público para a Varig
Apesar das mobilizações dos funcionários e das pressões por uma ajuda financeira à Varig, ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, descartou a possibilidade do uso de dinheiro público numa eventual operação de socorro à empresa.
“Serei sempre favorável a qualquer solução para a Varig, desde que não implique em gasto de dinheiro público”, avisou ontem a ministra, endossando posição já manifestada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Dilma foi encarregada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de conduzir as posições do governo.
O ministro da Defesa, Waldir Pires, que recebeu no início da noite uma delegação de funcionários da Varig, acha que é preciso encontrar uma solução rápida para o problema. “Precisamos de uma solução rápida, ainda esta semana, porque a deterioração (da empresa) é muito grande e a cada dia que passa as coisas pioram mais.” Indagado se a solução poderia passar por injeção de recursos públicos na Varig, Pires disse que, se a operação for legal, a resposta, no que depender dele, seria sim. “Trabalhei a vida inteira para isso.”
A pressão por uma ajuda do governo à empresa aérea vem de todos os lados. O vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), disse ontem que, “desta vez”, a proposta da empresa é “viável”, e “não incluiu o uso de dinheiro público”. “A Varig só precisa de dois meses de carência da BR distribuidora (responsável pelo abastecimento dos aviões) e cinco meses da Infraero (empresa que administra os aeroportos)”, declarou o deputado, ao acompanhar uma delegação de funcionários da empresa ao
Palácio do Planalto.
Ao ser indagado se os credores estatais aceitariam a moratória pedida pela empresa, Pires disse: “Estamos tentando ver como encontraríamos uma solução em que a operacionalidade da Varig fosse viável. Precisamos abrir uma caminho porque a empresa tem uma importância enorme para o País.”
Apesar da divisão no governo quanto à ajuda à Varig, Pires disse que “ficaria muito contente se isso acontecesse”. E acrescentou: “O governo está buscando ainda estudar o que for apresentado para que a Varig sobreviva. Não creio que haja divisão, o que há é cada um apreciando com suas atribuições e seus limites.” Já Dilma comentou que “não há uma solução fácil” para a crise da empresa, que está com dívidas que ultrapassam R$ 7 bilhões e cobranças judiciais. “Estamos em avaliação dos dados em relação à empresa. Como não se trata de uma estatal, o governo depende desse acesso aos dados”, disse Dilma. A expectativa do governo, segundo a ministra, é de concluir nesta semana uma avaliação.