Gaúchos perdem fôlego no novo ministério

Dec 02 2006
(0) Comments

Zero Hora – Porto AlegreZero Hora – Porto Alegre, 2/12/2006
Gaúchos perdem fôlego no novo ministério

Apenas Dilma e Tarso devem permanecer no governo

FÁBIO SCHAFFNER E KLÉCIO SANTOS/ Brasília/ Agência RBS

O Rio Grande do Sul não deve nomear novos ministros no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A cota gaúcha deve se restringir a Dilma Rousseff (Casa Civil) e Tarso Genro (Relações Institucionais).

Depois de ter o retorno à Esplanada tido como certo, o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto perdeu fôlego por conta de um critério que deve prevalecer na composição do novo governo. Quem for candidato às eleições municipais de 2008 não será ministro. Como deseja disputar a prefeitura de Porto Alegre, Rossetto está fora dos planos de Lula, mesmo tendo se fortalecido pela votação que obteve ao Senado e sido elogiado pelo presidente por seu desempenho à frente da pasta.

O novo critério tem sido uma das imposições do Planalto na negociação com os partidos e já foi discutido pelo conselho político do PT em duas reuniões, uma delas na presença de Lula. O núcleo, do qual fazem parte quatro gaúchos, concordou com as condições do presidente, mas considera delicada a costura política para que os aliados aceitem as novas regras.

– Os ministros que forem escolhidos terão de ficar quatro anos, ou pelo menos o maior tempo possível – decreta um petista que participa das negociações.

Um dos nomes que estavam na bolsa de apostas, o do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim, terá um papel importante no governo de coalizão com o PMDB, mas longe da Esplanada. O Planalto tem como certo que Jobim será o presidente do PMDB. A decisão do partido, porém, ainda não está tomada.

– Jobim dá uma nova estatura à presidência do PMDB, já que sempre esteve próximo de Lula. E tem gente no partido que não está gostando nada disso – revela um integrante da executiva nacional peemedebista.

Cotado para três pastas (Desenvolvimento, Fazenda e Previdência), o empresário Jorge Gerdau Johannpeter reluta em aceitar o convite de Lula. Além da dificuldade que teria para se acostumar à burocracia estatal, Gerdau enfrenta forte resistência no PT, que o considera liberal demais para compor o governo.

Outro gaúcho que postula uma vaga é o deputado Beto Albuquerque (PSB), vice-líder do governo na Câmara, mas sua indicação depende de articulações do PSB. A legenda quer dois ministérios porque entende que, caso Ciro Gomes seja nomeado, seria pela cota pessoal de Lula. Beto é o primeiro da fila do partido, depois que três colegas de Câmara alçaram novos vôos. Eduardo Campos se elegeu governador de Pernambuco, Renato Casagrande (ES) foi para o Senado, e Alexandre Cardoso (RJ) irá para o secretariado do governador eleito do Rio, Sérgio Cabral.

Beto, porém, poderia ser preterido em favor de Sérgio Resende, atual ministro da Ciência e Tecnologia, ligado a Campos e que seria mantido na pasta. As resistências ao nome do deputado têm nome e sobrenome: em 2005, ele confirmou ter votado pela cassação do então deputado federal José Dirceu (PT-SP), envolvido no caso do mensalão.

– Beto votou pela cassação de Zé Dirceu, não foi? – questiona uma fonte petista.

( fabio.schaffner@rbs.com.br ? klecio.santos@zerohora.com.br )

O encolhimento do RS
Quem deve ser nomeado
Dilma Rousseff
Com bom desempenho na pasta de Minas e Energia na primeira metade do governo Lula, Dilma assumiu a Casa Civil depois dos escândalos de corrupção e da queda de José Dirceu. O perfil de gerente imune a denúncias agrada ao presidente.
Tarso Genro
O atual titular das Relações Institucionais foi secretário do chamado Conselhão e aprovou o Prouni na Educação. Depois de presidir o PT em meio ao escândalo do mensalão, conduziu a coordenação política do governo em pleno ano eleitoral.
Longe da Esplanada
Miguel Rossetto
Apesar de elogiado por Lula pelo trabalho no Desenvolvimento Agrário, o petista deverá concorrer à prefeitura de Porto Alegre em 2008. As novas diretrizes do governo priorizam ministros que deverão ficar até o final do segundo mandato.
Nelson Jobim
Fortemente cotado para o Ministério da Justiça, pasta que comandou na gestão Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente do STF é preferência antiga de Lula. Mas a possibilidade de presidir o PMDB afasta Jobim de um cargo no primeiro escalão do governo.
Jorge Gerdau Johannpeter
Prestes a deixar o comando do Grupo Gerdau, o empresário teve encontros recentes com Lula. Cotado para os ministérios de Desenvolvimento, Fazenda e Previdência, resiste a aceitar o convite e enfrenta resistências do PT.
Beto Albuquerque
Vice-líder do governo na Câmara, o deputado é um aliado de primeira hora de Lula. Mas sua indicação depende do tamanho que o PSB terá no governo. O voto pela cassação de José Dirceu em 2005 pesa contra o parlamentar gaúcho.