Presidente da Frente Parlamentar Trânsito Seguro, o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) acredita que a questão de trânsito é vocacional e diz que educação é o principal caminho para conscientizar os motoristas.
Combater o consumo de bebidas alcoólicas por motoristas. É essa a principal missão da Frente Parlamentar Trânsito Seguro, presidida pelo deputado federal Beto Albuquerque (PSB), quinto deputado mais bem votado do Rio Grande do Sul nas últimas eleições, com 174.774 votos – 2,93% do total.
“No trânsito, o Brasil é o Iraque”, compara o deputado reeleito. “Precisamos investir mais em educação, reverter parte do dinheiro arrecadado com multas para a educação no trânsito”, completou Albuquerque, que também é integrante da Comissão de Viação e Transporte da Câmara dos Deputados.
Em entrevista exclusiva ao site MapLink, Albuquerque comentou a atuação da frente parlamentar e traçou planos para a próxima Legislatura. O deputado também criticou a chamada indústria das multas e listou prioridades para que o trânsito deixe de ser uma das principais causas de morte no País.
Confira a seguir a entrevista do deputado Beto Albuquerque:
MapLink – Qual é a atuação da Frente Parlamentar Trânsito Seguro?
Beto Albuquerque – É uma experiência recente. Propus a frente parlamentar na metade da atual mandato. Tivemos uma participação intensa nas Semanas de Trânsito [realizadas pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) em todo País], com debates sobre essa questão. Na edição deste ano, enaltecemos bastante a questão da faixa de pedestres. Procuramos, também, manter atenção às matérias que tramitam sobre o assunto, especialmente aquelas que tentam desvirtuar a discussão.
MapLink – E quais são os projetos que, ao seu ver, prejudicam a discussão sobre o trânsito brasileiro?
Beto Albuquerque – Tem muito projeto que quer proteger o infrator, tornar o infrator mais especial que a infração. Há abusos também sob o pretexto de fiscalizar. Eu sou um defensor da punibilidade no trânsito. O motorista infrator deve ser punido. Mas eu sou contra o excesso. Tem muita indústria de multa. Isso é um desmando e precisamos coibir isso. Se for o caso, até atualizar a Legislação.
MapLink – Quantos parlamentares formam atualmente a frente parlamentar?
Beto Albuquerque – Hoje, são aproximadamente 60 parlamentares, entre deputados e senadores. Mas vamos renovar nessa próxima Legislatura.
MapLink – A tendência é que esse número cresça nos próximos anos?
Beto Albuquerque – Não estamos preocupados em aumentar muita gente. Queremos trabalhar com quem tem essa pauta no coração. Não adiantar vir, só por vir. É preciso trabalhar. O número de parlamentares pode aumentar desde que não seja para figuração. Apesar que agora as frentes parlamentares precisam ter pelo menos 150 integrantes para ter representatividade…
MapLink – E esse é o objetivo?
Beto Albuquerque – Sim, vamos buscar esse número para termos a representatividade. Mas sem figuração.
MapLink – Quais projetos o senhor destaca como referência para que nós tenhamos um trânsito menos violento no País?
Beto Albuquerque – Uma grande vitória nessa Legislatura foi dar ao agente de trânsito a condição de ser prova testemunhal contra o motorista alcoolizado. Essa foi uma ação concreta que tivemos e precisamos aperfeiçoá-la. Estou preparando um projeto para mudar o crime com álcool no trânsito, passando de culposo [sem intenção] para doloso [com intenção].
MapLink – Quando esse projeto deve entrar em pauta?
Beto Albuquerque – O projeto está em fase final, estou ajustando os últimos detalhes e ainda neste ano ele será protocolado. Espero que a próxima Legislatura já possa avaliá-lo.
MapLink – Quais são as outras propostas da frente parlamentar para a próxima Legislatura?
Beto Albuquerque – A idéia é fortalecer as nossas propostas e ter uma maior interação tanto com entidades governamentais como com não-governamentais que tratam sobre o trânsito. Precisamos de mais dinheiro para educação de trânsito. O dinheiro das multas deveria ser revertido para educação. Essa é a grande luta para o próximo período.
MapLink – O trânsito é uma das principais causas de morte em todo País. O que fazer para mudar essa história?
Beto Albuquerque – O Brasil no trânsito é o Iraque. São 35 mil mortes por irresponsabilidade no trânsito e 70% delas estão envolvidas com álcool. Essa matéria precisa ser prioridade. Trânsito é atitude e consciência. Não bastam leis e multas. Toda criança sabe que se colocar a mão na bola dentro da área é pênalti e ela morre sabendo disso. Mas as leis de trânsito, o cidadão estuda e trata de esquecer. Eu aposto nessa nova geração que está surgindo, com muito mais compromisso e responsabilidade para que tenhamos um trânsito menos violento.
