Briga na Câmara é de desgaste certo, avalia Lula

Jan 26 2007
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Portal G1, 26/1/2007

Para governo, disputa na Câmara saiu do controle do Planalto.
Governo avalia que vitória de Fruet comprometeria seriamente PAC.

Depois de desistir de ter apenas um candidato da base aliada na eleição para a presidência da Câmara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluiu que qualquer que seja o resultado da disputa, no dia 1º de fevereiro, o governo sairá perdendo.

Diante dessa constatação, recomendou a seus líderes e ministros que, encerrado o processo de escolha, esqueçam as diferenças e tentem reconstruir a unidade. O objetivo é aprovar as medidas provisórias e projetos de lei do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A avaliação de que a vitória dos aliados Aldo Rebelo (PC do B-SP) ou Arlindo Chinaglia (PT-SP) desgastará o governo deve-se à evidência de que a campanha saiu do controle do Palácio do Planalto – Aldo se aliou ao PFL e firmou com a legenda vários compromissos; Chinaglia está recebendo apoio do grupo do ex-deputado José Dirceu (PT-SP), que sonha voltar à Câmara com um projeto de anistia de iniciativa popular. O Planalto teme que esse grupo fique muito forte e tente tutelar o presidente.

Uma eventual vitória do tucano Gustavo Fruet (PR), então, seria a maior das derrotas, pois daria ao PSDB o comando da Câmara pelos dois primeiros anos do segundo mandato de Lula. Nesse caso, que o Palácio do Planalto não consegue nem admitir que possa ocorrer, o PAC estaria seriamente comprometido, pois depende da aprovação de sete medidas provisórias, dois projetos de lei complementar e dois projetos de lei ordinária. Um presidente da Câmara da oposição pode infernizar a vida de Lula.

Fraturas
“Claro que uma disputa como a atual deixa fraturas. Mas nós todos teremos a grandeza e o espírito público de nos juntarmos em torno do grande objetivo, que é a aprovação do PAC”, disse o líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), defensor da candidatura de Aldo.

“Nossa disputa e nossas desavenças têm data marcada: é o dia 1º de fevereiro, quando será eleito o presidente da Câmara. Depois, como acontece na política, nós vamos agrupar a grande base do presidente da República em torno dos projetos importantes para a governabilidade e aprovar os projetos necessários ao desenvolvimento do Brasil. A política funciona assim.”

O líder do PT, Fernando Ferro (PE), aliado de Chinaglia, também acha que algumas feridas da disputa ficarão, mas vão se curar com o tempo. “Aqui se diverge, aqui se converge”, disse .

Ferro discorda dos que vêem na eleição de Chinaglia uma possibilidade de o grupo de Dirceu tutelar o presidente. “Chinaglia e Dirceu nunca estiveram do mesmo lado. Pertencem a correntes políticas divergentes, que sempre se bateram dentro do partido”, afirmou.

“Esses que querem vincular o ex-deputado José Dirceu a Chinaglia estão sendo oportunistas. Não é uma história falsa dessas que vai influenciar alguma coisa na votação para presidente da Câmara.”