Debate na TV Câmara indica aproximação Fruet-Aldo

Jan 29 2007
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Portal www.vermelho.org.br, 29/01/2007

O segundo debate entre os candidatos à presidência da Câmara, transmitido ao vivo para o público nesta segunda-feira (29), refletiu maior nervosismo, numa disputa sem resultado certo, a três dias da eleição. E trouxe indícios de aproximação entre Gustavo Fruet (PSDB-PR) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP) em um provável segundo turno com Arlindo Chinaglia (PT-SP).


Para o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), aliado de Aldo, que assitiu ao evento do auditório, “este debate mostra cada vez mais o PSDB ao nosso lado no segundo turno”. O atual presidente da Câmara, comunista e governista assumido, mas candidato à reeleição “em nome da instituição”, fez um elogio ao governo do PSDB por ter assentado mais de 400 mil sem-terra. Fruet retribuiu falando de seu “respeito” por Aldo, e lembrando uma visita deste ao Paraná, na juventude de ambos, quando “eu era um simples presidente de Centro Acadêmico e já tinha por ele esta admiração”.


Fruet a Chinaglia: “Combustível na fogueira”


A pergunta feita por Fruet a Aldo, no terceiro bloco, também foi uma oportunidade para o atual presidente proclamar o sentido de sua candidatura. “Eu nunca perguntei ao presidente Lula se deveria ou não ser candidato à presidência da Câmara dos Deputados. A minha relação com Lula é política, não de subordinação”, respondeu Aldo. Frisou que seu compromisso foi “com partidos e com deputados”, que respeita a candidatura do PT, “mas a minha candidatura é uma candidatura da instituição”.


Já as relações Chinaglia-Fruet, no triângulo que se criou, foram as mais cheias de arestas. O tucano, lançado pelo movimento auto-intitulado terceira via, voltou a acusar Chinaglia de representar “a simbologia de todas aquelas forças relacionadas com os últimos escândalos” que se abateram sobre a Câmara. Segundo Fruet, eleger Chinaglia à Presidência da Casa é “colocar combustível numa fogueira que já estava se apagando”. Também citou como “vícios” o acordo PT-PMDB e o atraso na recomposição do ministério, que taxou também de “distorção”.


Maior eletricidade no ar


Em um colégio eleitoral como o dos 513 deputados federais — embora haja uma renovação de 244 deles — há dúvidas sobre se o debate desta segunda-feira, como o de sexta, promovido pela Folha de S. Paulo, mudou um voto sequer. Os três postulantes mantiveram sempre um olho na opinião pública, que assistiu o dembate e enviou duas centenas de perguntas, e o círculo relativamente reduzido dos eleitores, em voto secreto, na quinta-feira que vem.


Sentiu-se uma maior eletricidade no ar. Chinaglia chegou a apartear a mediadora, Cláudia Brasil, ao insistir em um direito de resposta à Denise Madueño, da Agência Estado. No geral, porém, prevaleceu a cortesia do trato entre parlamentares, reforçada pela circunstância: em um provável segundo turno, dois dos postulantes forçosamente tenderão a cortejar o terceiro, alijado da disputa mas convertido em fiel da balança.


O segundo debate entre os candidatos foi transmitido ao vivo pela TV Câmara, Rádio Câmara e TV UOL, teve cobertura completa pela Agência Câmara, em tempo real, e foi comentado por outros sites e blogs privados. Apesar das dúvidas sobre seus efeitos estritamente eleitorais, foi uma inovação democratizadora, ao tornar mais transparente para o público a disputa em curso na Câmara. Se a novidade tivesse surgido dois anos atrás, no processo que levou à eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE, não-reeleito nesta legislatura), quem sabe a Casa teria evitado o desgaste suplementar que se seguiu.


Da redação, com TV Câmara e agências