Reforma ministerial só será concluída na segunda quinzena de março
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o PSB na tarde de ontem e deixou claro que só deve concluir a reforma ministerial na segunda quinzena de março, após a definição do novo comando do PMDB. O partido tem convenção marcada para 11 de março e, até agora, apenas o deputado Michel Temer (PMDB-SP) disputa a reeleição. Porém, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, estuda a possibilidade de disputar o cargo.
Jobim é bastante próximo de Lula e os setores do PMDB que já compunham o governo no primeiro mandato preferem a substituição de Temer. Essa indefinição está tornando a decisão do presidente sobre os espaços do PMDB no novo governo mais difícil.
O líder interino do governo na Câmara dos Deputados, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), contou que Lula afirmou estar certo ao esperar mais tempo para definir o novo Ministério. “Ele disse que muitos o criticaram por não ter anunciado o novo Ministério em dezembro. E disse que agora o tempo mostra que ele está certo, porque há %u2018movimentos nas bancadas e nas presidências dos partidos%u2019, como o PMDB”, contou Albuquerque.
O presidente do PSB e governador do Pernambuco, Eduardo Campos, disse que o partido falou ao presidente que gostaria de manter os espaços que têm no governo. Hoje, o PSB ocupa o Ministério de Ciência e Tecnologia e o Ministério da Integração Nacional. Contudo, este último já foi oferecido ao PMDB. E seria ocupado pelo neogovernista deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).
O senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse que não só os Ministérios interessam ao partido. “O governo tem Ministérios e outros cargos que temos capacidade para ocupar. O presidente não terá dificuldades para montar o governo”, afirmou. Ele avalia que o presidente quer uma definição clara de quem será o interlocutor do PMDB para evitar futuros descontentamentos, caso o partido tenha modificações no seu comando. Essa era a impressão geral dos líderes do PSB ao final da reunião.
Ele disse ainda que o ex-ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, chegou a ser citado por Lula da reunião mas não deve ocupar nenhum cargo no novo Ministério. “O Ciro já disse que quer continuar na Câmara e dar sua contribuição por lá. Essa posição é pública”, comentou Casagrande.
Outra indicação de que Lula deve demorar um pouco mais para definir seus novos ministros é dada pelo vice-presidente do PSB, Roberto Amaral. “As conversas com os partidos têm duas rodadas. O presidente ainda nem concluiu a primeira com todos os representantes da coalizão. Então deve demorar mais um pouco e mesmo que ele não quisesse esperar a definição do PMDB seria obrigado por conta do calendário de negociação”, salientou.
