Governo engrossa o tom

Apr 04 2007
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Diário do Nordeste – Fortaleza, 04/04/2007

Brasília. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, recebeu ontem oito representantes dos controladores de vôo: civis e militares. E disse que o governo permanece disposto a dar a gratificação e iniciar o processo de desmilitarização, mas, por enquanto, sem prazos, nem valores.

´Isso ficaria para um segundo momento. Agora é a questão da disciplina , da insubordinação e da hierarquia militar´, afirmou o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), líder do partido na Câmara.

Para que o diálogo prossiga, o governo quer garantias de que o controle de tráfego aéreo vai voltar ao normal.

´Exigimos que haja condição de absoluta normalidade no funcionamento do sistema. Ou seja o governo quer ouvir todas as partes, nós vamos negociar, mas nós não podemos fazer isso com faca no pescoço´, disse Paulo Bernardo.

O dia foi tranqüilo nos aeroportos ontem, apesar do fechamento de Congonhas, provocado pelo mau tempo. A Infraero registrou entre 0h e 18h, atrasos em 5,8% dos vôos. Dos 1.336 vôos programados em todo o País, 77 atrasaram mais de uma hora.

O ministro disse aos controladores que, se houver nova paralisação, o regimento militar será aplicado, o que significa prisão para quem abandonar as funções. Depois de falar com o presidente Lula, Paulo Bernardo avisou aos representantes dos controladores, por telefone, que uma nova conversa depende do que acontecer na Semana Santa.

O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, disse que as punições aos controladores dependem da investigação do Ministério Público Militar. O Comando da Aeronáutica já designou os oficiais que vão acompanhar os trabalhos.

Comando das negociações

Ontem, o governo devolveu para a Aeronáutica o comando das negociações com os controladores. A nova posição foi comunicada pelo presidente Lula, durante reunião do conselho político do governo. O presidente Lula disse aos líderes e presidentes de partidos da base aliada que considera a situação gravissíma.

Na véspera, comandantes da Força Aérea, Marinha e Exército tinham advertido para o risco de uma grave crise nos quartéis. Eles alertaram para o perigo de propagação de quebra da hierarquia, caso os sargentos controladores não fossem punidos e ficassem subordinados a um novo órgão civil.

Na reunião do conselho politico, Lula disse que ´é preciso primeiro restaurar a normalidade sob a coordenação do comando da Aeronáutica e, depois, cuidar de eventuais medidas administrativas´.

´A partir desse momento o assunto apagão aéreo é de competência exclusiva do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, e é com eles que o brigadeiro haverá de tratar e desde já dizendo que não haverá qualquer tipo de vacilo por parte do governo de negociar com militares amotinados´, afirmou o deputado Beto Albuquerque (PSB/RS).

Com a mudança de posição do governo, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, saiu fortalecido. Ontem, ele particiou de uma solenidade militar. E foi aplaudido de pé por oficiais quando disse que não é possível tergiversar, ou seja, voltar as costas, para os princípios da hierarquia e da disciplina militares.

No meio da tarde, o presidente Lula recebeu os novos oficiais generais das três armas. Pediu que eles garantam que as Forças Armadas continuem sendo exemplo de orgulho para o País. Sem mencionar a crise, prometeu recursos.