Parlamentares de olho em 2008
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Correio Braziliense, 21/5/2007
Helayne Boaventura
SUCESSÃO
Eleições municipais no próximo ano são encaradas por políticos no Congresso como oportunidade para alçar vôos mais altos. Derrotados em 2006 vislumbram chance de retornar ao poder
São Paulo pode ser palco de nova disputa entre Arlindo Chinaglia (E) e Aldo Rebelo (D). comunista quer dar o troco na sucessão paulista
Não há nada que preencha mais os pensamentos de um político do que eleição. É a competição nas urnas que lhe permite estar no poder.
Mal iniciados os mandatos, parlamentares já fazem planos e se articulam para participar da próxima disputa eleitoral, a que escolherá os prefeitos dos 5.561 municípios. Mesmo nomes que alcançaram projeção nacional pautam sua atuação nos próximos meses pela perspectiva de se tornarem candidatos, especialmente nas capitais. São Paulo, a maior cidade brasileira, poderá ser palco da revanche entre os deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP). Em fevereiro, o comunista, que foi presidente da Câmara, tentou a reeleição mas perdeu o posto para o petista.
Ser candidato a prefeito, principalmente em uma capital de estado, só traz vantagens. Para políticos com mandato e influência em seus partidos, a eleição é uma oportunidade de divulgar o nome e, na pior das hipóteses, calçar uma candidatura em 2010. Para os candidatos derrotados em 2006, a eleição é uma tentativa de retornar à cena política.
Em Porto Alegre, por exemplo, muitos dos candidatos devem sair da Câmara dos Deputados. O vice-líder do governo Beto Albuquerque (PSB) é cotado entre os dirigentes do bloquinho, formado por PCdoB, PSB, PDT e legendas nanicas, assim como a deputada de primeiro mandato Manuela D’Ávila (PCdoB). “A eleição de 2008 é uma prévia da disputa de 2010”, lembra Albuquerque, cujo desejo maior é ser candidato a governador do estado. No DEM, o líder na Câmara, Onyx Lorenzoni, é dado como nome certo do partido na disputa pela prefeitura gaúcha. Ele tem até pesquisas de opinião que o mostram em terceiro lugar, atrás do atual prefeito José Fogaça (PPS) e do ex-vice-governador Miguel Rossetto (PT). “Deixar de ser deputado para ser prefeito é cair para cima”, avalia Lorenzoni, para quem sua exposição pública como líder partidário o ajudará na disputa. “Sem dúvida há um reflexo no meu estado e na minha cidade, mas também preciso tratar das questões locais.”
Retorno
Para os candidatos que perderam a eleição em 2006, a preparação para a disputa municipal já começou. O ex-deputado Pauderney Avelino (DEM) perdeu a eleição para o Senado no ano passado. E trabalha para se tornar o candidato a prefeito de Manaus no próximo ano. Terá uma acirrada disputa interna contra o ex-governador Amazonino Mendes, candidato derrotado ao governo do estado em 2006, e que já encomendou pesquisas que mostram sua vantagem na disputa local, como forma de se viabilizar. Mas Avelino tem o trunfo de ser presidente estadual da legenda. “Meu trabalho será buscar parceiros no PSDB, PPS e PDT e ir para rua, falar, fazer reunião, gastar sola de sapato”, prepara-se o ex-deputado. No Rio de Janeiro, nomes nacionais derrotados na eleição estadual também desejam participar da disputa para prefeito da capital, como o secretário Eduardo Paes (PSDB) e as ex-deputadas Denise Frossard (PPS) e Jandira Feghali (PCdoB).
Entrar na eleição municipal de olho na eleição dali a dois anos faz parte até dos planos de partidos inteiros. Os dirigentes do bloquinho fizeram um levantamento de eventuais candidatos em cada capital. Políticos de peso da política nacional são cotados para entrar na disputa (leia quadro). Por enquanto, as candidaturas a prefeito são tratadas com a máxima cautela para não melindrar nomes que venham a ser descartados. Em São Paulo, por exemplo, além de Aldo, o nome mais forte, os deputados Luiza Erundina (PSB) e Paulo Pereira da Silva (PDT) também são apontados pelos partidos. Os dirigentes do bloquinho pensam escalar nomes de peso para participar da disputa, como os senadores Renato Casagrande (PSB) em Vitória e Osmar Dias (PDT) em Curitiba. Dias foi candidato ao governo do Paraná em 2006 e por pouco não venceu o atual governador, Roberto Requião (PMDB).
Os três partidos juntos têm mais força para se contrapor ao PT que, para eles, utiliza os aliados do campo da esquerda como linha auxiliar. A eleição municipal será o ensaio da aliança que os três partidos pretendem pôr em prática em 2010 em torno da candidatura presidencial de Ciro Gomes (PSB-CE). Da mesma forma, as direções do PT e do PMDB tentarão andar juntos, de preferência em capitais estratégicas, como preparação para o pleito presidencial.
O recém-criado Democratas (ex-PFL) também aposta suas fichas na disputa para prefeito. No dia 28, o DEM já vai reunir em São Paulo os possíveis candidatos a prefeito para discutir as estratégias da eleição municipal. Os primeiros quatro anos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizeram muito mal aos ex-pefelistas, que foram desidratados pela atração dos partidos aliados. Além de tentar recuperar os prefeitos perdidos para a base do governo, o principal objetivo é lançar nomes que ganhem visibilidade e possam ser candidatos viáveis a deputado estadual e principalmente federal em 2010.
Chinaglia é um dos nossos nomes. Vamos entrar com força na disputa interna, tentando lançar nomes em todas as
capitais que tivermos condições
Geraldo Magela (PT-DF), integrante da corrente Movimento PT
Na fila
Confira quem deseja ser candidato a prefeito:
Arlindo Chinaglia (PT), presidente da Câmara — São Paulo
José Eduardo Cardozo (PT), deputado – São Paulo
Jilmar Tatto (PT), deputado – São Paulo
Aldo Rebelo (PCdoB), deputado — São Paulo
Luiza Erundina (PSB), deputada — São Paulo
Paulo Pereira da Silva (PDT), deputado — São Paulo
Beto Albuquerque (PSB), deputado — Porto Alegre
Manuela D’Ávila (PCdoB), deputada — Porto Alegre
Vieira da Cunha (PDT), deputado — Porto Alegre
Maria do Rosário (PT), deputada — Porto Alegre
Osmar Dias (PDT), senador — Curitiba
Renato Casagrande (PSB), senador — Vitória
Virgílio Guimarães (PT), deputado — Belo Horizonte
Jandira Feghali (PCdoB), ex-deputada — Rio de Janeiro
Miro Teixeira (PDT), líder do PDT — Rio de Janeiro
Eduardo Paes (PSDB), secretário de estado — Rio de Janeiro
Denise Frossard (PPS), ex-deputada — Rio de Janeiro
Solange Amaral (DEM), deputada — Rio de Janeiro
Ronaldo Lessa (PDT), ex-governador — Maceió
Edson Vidigal (PSB), ex-ministro do STJ — São Luís
Cristina Almeida (PSB), candidata derrotada ao Senado — Macapá
Nelson Trad Filho (PMDB), deputado — Campo Grande
Onyx Lorenzoni (DEM), líder na Câmara — Porto Alegre
Moroni Torgan (DEM), deputado — Fortaleza
José Airton (PT), deputado — Fortaleza
Fátima Bezerra (PT), deputado — Natal
Nilmar Ruiz (DEM), deputada — Palmas