Em meio a discussão sobre a reforma política, iniciada pela manhã no Plenário da Câmara dos Deputados, um grupo de cerca de trinta petistas decidiu contrariar a indicação da executiva do partido e votar contra a lista fechada – projeto que institui em lista pré-ordenada para deputados e vereadores, substituindo o atual sistema, que permite o voto direto do eleitor em um candidato.
O deputado Fernando Ferro (PT-PR), um dos dissidentes, alega que a decisão de seu partido foi tomada sem consulta prévia e que por isso não teme represálias. “Eu pessoalmento não creio que isso vai ser motivo de expulsão dentro do partido, mas se quiser pode me punir”, disse.
Ferro defende o atual sistema de votação por achar que a lista fechada vai contra a tradição e tira o direito “sagrado” do eleitor de votar no seu candidato. Ele alega ainda que a mudança faria valer a vontade dos grandes “caciques” das legendas. “Com ela (lista fechada), vai prevalecer a vontade dos amigos dos tesoureiros do partido. Deus me livre que isso aconteça no PT”, diz.
Do outro lado, o vice-líder petista, Henrique Fontana (RS), não quis comentar a atitude dos “rebeldes”, mas continua defendendo a decisão de seu partido. “Acho que a lista fechada dá ao eleitor um voto mais seguro, mais completo. Ele passa a votar no conjunto de deputados e não em um único, afinal o que muda o Brasil é o partido e não um homem sozinho”, disse.
Derrota
Os deputados defensores da lista fechada sofreram sua primeira derrota no Plenário da Câmara, nesta quarta-feira. Após muita discussão sobre o assunto, os parlamentares favoráveis à proposta apresentaram requerimento para dar início a votação da matéria. Por 245 contra e 194 à favor, no entanto, o requerimento foi rejeitado.
O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), contrário à mudança, diz que a votação do requerimento de suspensão da discussão é uma preliminar importante, mas admite que a disputa vai ser dura. “Agora já acho que a proposta (de lista fechada) vai ser derrotada. Ninguém quer acabar com o direito do voto do eleitor, mas a briga vai ser boa”, afirmou.
Já o líder do Democratas na Casa, Onyx Lorenzoni (RS), tentou minimizar a indicação. “Temos que ter calma. Muita água ainda vai correr”, afirmou.
Além do grupo de cerca de trinta petistas, PSDB e os partidos pequenos também são contra a mudança. O sistema da lista fechada é o primeiro ítem da pauta de votações da reforma política. O próximo é o financiamento público de campanha.
