Aposta por volta de Lula ao Pan
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Correio Brasiliense, 16/07/2007
Daniel Pereira
Aliados dizem que vaias no Rio foram organizadas por claque e esperam que presidente acompanhe outros eventos dos jogos, embora visita não esteja prevista. Para a oposição, haverá novo constrangimento
Rodrigo Maia, presidente do DEM, espera que Rio não sofra retaliação
Beto Albuquerque, vice-líder do governo: "Vaias foram coisa de claque"
Representantes do governo e da oposição querem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva volte ao Rio de Janeiro para prestigiar os Jogos Pan-Americanos. Para aliados de Lula, será a oportunidade de provar que as vaias recebidas durante a cerimônia de abertura da competição foram encomendadas pelo prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), para constranger o petista. Considerada uma manifestação isolada, decorrente de uma rasteira política, as vaias não se repetiriam.
Já os oposicionistas apostam na reedição do constrangimento. Por isso, a vontade de ver o presidente de novo no Pan, de preferência numa das principais tribunas, como o Maracanã ou o Engenhão. Especialistas também desejam passar a história a limpo. Segundo o Palácio do Planalto, porém, não há previsão de nova visita de Lula ao Rio durante o Pan. "Eu adoraria que ele voltasse ao Pan para ser vaiado de novo", diz o cientista político Paulo Kramer, professor da Universidade de Brasília. "O Lula tinha de se mancar e parar de acreditar nos cenários cor-de-rosa que lhes são apresentados pelos auxiliares."
Vice-líder do governo na Câmara, o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) diz que amanhã partirá para o enfrentamento político no plenário da Casa. Além de apresentar um levantamento, ainda não concluído, sobre quanto os governos federal, estadual e municipal investiram no Pan, anunciará que os parlamentares governistas investigarão denúncia segundo a qual a prefeitura do Rio distribuiu 100 mil ingressos para os jogos. "As vaias não foram do Maracanã, mas da claque organizada pelo Cesar Maia. Foi uma jogada rasteira, de quem deveria ter mais estatura para não reduzir o espetáculo e o país", acusa Albuquerque. "É evidente que o presidente tem de voltar ao Rio."
"Deselegância"
Sub-relator da CPI dos Correios e atual secretário de Esportes, Lazer e Turismo do Estado do Rio, o tucano Eduardo Paes afirma que as vaias foram uma deselegância. E defende o presidente, alegando que os investimentos realizados pelo governo federal foram decisivos, por exemplo, para a reforma do Maracanã. "O Rio ficará muito honrado caso Lula volte para prestigiar o Pan." Para a cientista política Lúcia Hippólito, há o risco de o presidente retaliar a capital fluminense devido às vaias. Foi assim na ditadura, ressalta, quando a autonomia e a contestação dos cariocas eram alvo da repressão militar. "Temo que o Rio pague uma fatura muito alta por isso."
Filho de Cesar Maia e presidente nacional do DEM, o deputado federal Rodrigo Maia diz que as vaias, festejadas pela oposição, foram destinadas mais ao momento negativo da política brasileira do que ao presidente. Vai além no afago a Lula. E reconhece que o governo federal investiu muito no Pan — a partir de setembro de 2006. "O Rio saberá sempre reconhecer o esforço do governo federal", afirma Maia, de braços abertos para recepcionar o petista. O deputado rechaça a possibilidade de o presidente retaliar a cidade.
"O presidente não vai se vingar do Rio. Pelo contrário, ele tem mostrado um carinho muito grande pela cidade", concorda Paes. "O Lula é um homem de boa índole, que não esperava uma jogada traiçoeira. Não vai responder baixaria com baixaria", acrescenta Albuquerque.