Ciro Gomes quer unidade nas eleições municipais

Aug 20 2007
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Jornal do Comércio, 20/8/2007

Frente de esquerda composta por PSB, PCdoB e PDT pode dialogar com PT

Em visita ao Estado, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) reuniu-se, na sexta feira, com representantes gaúchos do bloco de esquerda formado na Câmara Federal. O bloco composto pelo PCdoB, PSB, PDT, PHS e PRB aparece no cenário político como uma possível alternativa para as eleições presidenciais de 21010, conforme afirmou Ciro.

As eleições municipais serão uma espécie de processo preparatório para a composição de esquerda disputar o governo federal. Por isto, a pauta da reunião almoço, em Porto Alegre, ficou centrada no debate sobre a construção de candidaturas municipais que elevem em consideração as alianças a partir deste bloco constituído na Câmara federal. O ex-ministro apontou para a dificuldade da composição nos municípios nas próximas eleições em função do caráter fragmentário dói processo. Contudo, o deputado aposta na articulação do bloco para superar esta dificuldade. “A coerência que une estes partidos é a grande diferença e isso tem que estar presente em nosso dia-a-dia, isto acontece agora com este diálogo. Estamos todos juntos à mesa”, afirmou Ciro Gomes.

Ele disse que o bloco deve acompanhar com grande interesse as eleições na Capital gaúcha. Citou a recente pesquisa do Instituto Methodus que aponta dez candidatos com pequena margem de diferença percentual das intenções de votos entre si. Entre os citados, o deputado federal Vieira da Cunha (PDT), o vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB) e a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) – todos presentes no encontro. “O que vai mobilizar o país a partir de agora serão as eleições municipais. Vamos tentar dar coerência ao processo, apesar da fragmentação. Isto será feito através do diálogo, do convencimento, da renúncia e não por imposição de ninguém. Além disso, o bloco não exclui ninguém desta conversa, nem mesmo o PT”, avaliou Ciro. A propósito desta disposição de ampliar o diálogo pré-eleitoral, o deputado federal visitou, a tarde, o presidente do PT gaúcho, Olívio Dutra. O encontro ocorreu na sede estadual dos petistas.

Ainda durante o almoço com Ciro, Vieira da Cunha disse que é prematuro discutir candidaturas. “É um período de amplo diálogo com todas as forças políticas. É natural o PDT estar conversando com todos”, considerou. O ex-ministro disse que é necessário respeitar as particularidades de cada região. “Estamos conversando com os companheiros do PCdoB, PHS, PRB, PSB, PDT e PT para prevenir determinados choques. É perfeitamente possível, em respeito a composição local, não fazer alianças. Mas podemos, de qualquer forma, ponderar e não provocar fissuras em função da obra comum que temos pelo Brasil”.

Candidatura presidencial é meta para 2010

Sobre as eleições presidenciais o deputado Ciro Gomes disse que “a possível aproximação do PSDB com os Democratas, além da divisão interna do PMDB, somada as contradições internas do PT podem garantir o sucesso da Frente de Esquerda liderada pelo PSB, PCdoB e PDT”. O ex-ministro advertiu sobre os riscos de lançamentos de candidaturas precoce, apesar de reconhecer a liberdade e a legitimidade delas se apresentarem. “É preciso juízo das diferentes frações que compõem o governo de coalizão”, afirmou.

Em relação a sua possível candidatura pelo bloco, o deputado Ciro Gomes disse ser preciso estar atento aos indícios do eleitorado. “Toda a eleição majoritária é decidida na véspera. A sociedade indica se deve haver continuidade ou ruptura. Os valores já estão postos. A eleição vai identificar aquele candidato que melhor interpretar aquilo que já está posto”, ponderou. Apesar de estar comprometido com o governo Lula, o deputado compreende que “a governabilidade só é possível em função de algumas contradições”. Ele salientou que “o bloco não tem a obrigação de concordar com todas as práticas da administração federal”.