Deflagrada operação de caça a votos

Nov 09 2007
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O Tempo – Belo Horizonte, 09/11/2007Depois da recusa do PSDB em aprovar a CPMF, governo busca votos na base aliada e oposição

A prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) desencadeou no Senado uma operação de caça a voto. Em busca dos 49 votos necessários para aprovar no Senado a prorrogação da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 2011, os líderes da base aliada do governo vão assumir um novo discurso. A orientação é para valorizar todos os integrantes dos partidos que apóiam o Palácio do Planalto e não perder a oposição de vista, mas sem dar tanto destaque.

A ordem foi definida ontem durante a reunião do conselho político, comanda pelo ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, e os líderes do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA). Participaram os líderes de partidos aliados na Câmara e no Senado.

Na reunião, Jucá disse que o último levantamento indica que o governo será vitorioso na votação do relatório da senadora Kátia Abreu (DEM-TO) sobre a proposta de emenda constitucional (PEC) da CPMF na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado, na próxima terça-feira, quando o governo tentará votar a matéria na comissão. Na ocasião, a senadora vai sugerir o fim da cobrança da contribuição. Oficialmente, o discurso dos governistas será o de otimismo pleno, enquanto nos bastidores se esforçarão para garantir a folga na votação da CPMF nos dois turnos de votação no plenário do Senado.

Bronca
Na reunião do conselho político, Walfrido reclamou dos líderes aliados. Segundo ele, as dificuldades nas negociações são causadas por representantes da base de apoio do governo que preferem ressaltar a ausência de apoio, por parte dos aliados, a destacar o que já foi conquistado. "Não estamos aqui para cobrar, mas para sintonizar", afirmou o ministro, durante a reunião, segundo interlocutores.

"Política é conversa. Se você não conversa, não avança (nas negociações políticas)", disse ele, depois da reunião, em entrevista. A bronca do ministro foi reforçada por um discurso de Roseana Sarney, que apelou para que todos buscassem votos dentro e fora da base de apoio do governo. Lembrou ainda que o momento não é para ameaçar os supostos infiéis, e sim conquistar.

Para o vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), é possível avançar nas articulações em busca de apoio à CPMF, inclusive com alterações na proposta apresentada pela equipe econômica. Mas não disse quais seriam essas alterações. Segundo ele, o único item "indiscutível" é o da alíquota s 0,38%.

"A equipe econômica pode negociar, sim. A hora de negociar", afirmou Albuquerque, na saída da reunião, no Planalto. Há dois dias, o governo federal ainda tinha a expectativa de contar com votos do PSDB, mas a bancada tucana de senadores decidiu, por nove votos a quatro, por reprovar a proposta apresentada pelo Executivo e votar contra a CPMF. (Com Folhapress)