Lula pedirá união a aliados antes da votação em plenário
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Valor Econômico, 09/11/2007
Paulo de Tarso Lyra
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir com os líderes da base aliada no Senado antes da votação da CPMF em plenário. O governo calcula que, pelo fato de a CCJ não ser terminativa, a batalha decisiva acontece apenas no fim de dezembro, em plenário. É nessa hora que Lula deseja ver em ação a força da coalizão governamental. "Eu quero que a base aprove a CPMF com seus próprios votos. O que vier do PSDB e do DEM será lucro", disse o presidente a um interlocutor político.
A necessidade de união da base aliada ficou ainda mais premente depois do fracasso nas negociações com o PSDB, conduzidas pela equipe econômica. A proximidade com a oposição criou uma ciumeira generalizada na base aliada e o PMDB começou a fazer pedidos para votar a favor da CPMF, embora tenha fechado questão do voto a favor.
Uma das principais demandas pemedebistas no Senado é a recondução de Silas Rondeau para o Ministério de Minas e Energia e a retomada das nomeações no setor elétrico, segundo informações do Planalto. Para estancar qualquer sangria, Walfrido transmitiu aos líderes e presidentes de partido, ontem, durante encontro do conselho político, um recado do presidente. "A votação da CPMF não vai passar por cargos", assegurou Lula.
A reunião do Conselho Político durou aproximadamente duas horas e meia. Após um debate inicial sobre a política externa brasileira, os aliados passaram a analisar a estratégia política para aprovar a CPMF. Apesar de ninguém discordar da importância de dialogar com a oposição, Walfrido deu um puxão de orelha nos presentes. "Quem sempre disse que não tínhamos voto na base foram parlamentares da própria base. Isso não é um discurso que se faça", reclamou ele, segundo relato de líderes presentes ao encontro.
Os senadores também ouviram queixas dos deputados, que sempre reclamaram de votar as matérias na Câmara da forma que foram encaminhadas pelo Executivo para, depois, verem o Senado negociar mudanças e benesses para a sociedade. Desta vez, segundo os deputados, a ação deve ser em bloco. "Não dá para ter um governo no tapete azul (Senado) e outro no tapete verde (Câmara)", disse o vice-líder do governo, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).
Disposto a reabrir o diálogo com os Executivos estaduais – aliados importantes no papel de convencimento das bancadas – o governo concordou em incluir, na tramitação da Emenda 29 no Senado, um prazo de quatro anos para que os Estados se adaptem à obrigação de investir 12% do orçamento em serviços de Saúde. Se a medida fosse implantada de imediato, significaria um reembolso automático de R$ 6 bilhões. Com a gradação, os administradores estaduais terão um prazo para adaptar seus orçamentos.
Esse, contudo, foi o único avanço do Planalto em relação à proposta já apresentada por Mantega aos senadores do PSDB. Outros pontos reivindicados pelos governadores, como o aumento de 25% para 46% do repasse da Cide para os Estados e a isenção de PIS/Cofins para investimentos em saneamento não serão acatados. Na ótica governista, a Cide pode ser discutida no âmbito da reforma tributária.