Jornal de Brasília, 25/03/2008 A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, telefonou ontem para a antropóloga Ruth Cardoso, assegurando que o Governo Federal não montou dossiê com despesas dela à época em que era primeira-dama (1995-2002). Foi o próprio presidente Lula quem informou sobre as explicações de Dilma à mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, numa reunião com o Conselho Político no Palácio do Planalto.
Durante o encontro com os aliados, Lula disse que a reportagem da revista Veja com o suposto dossiê é uma "mentira", segundo o senador Renato Casagrande (PSB-ES) e o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).
Já o governador de São Paulo, José Serra, defendeu ontem uma investigação rigorosa sobre o suposto dossiê. Para ele, ex-ministro do Planejamento e da Saúde no Governo FHC, a elaboração do suposto dossiê é "absolutamente ilegal e irregular".
A Casa Civil divulgou uma nota sábado negando a existência do dossiê. "O que me preocupa é que, se esse dossiê realmente é verdadeiro, é uma ação absolutamente ilegal e irregular. Governo foi feito para governar e não para fazer dossiê", afirmou Serra.
Enquanto isso, o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), disse que, se fosse o presidente Lula, abriria mão do sigilo para a CPI dos Cartões. Disse que, se pudesse aconselhar Lula, diria para desistir de manter esses números em segredo.
O senador afirmou que não pode conceber como é que o Brasil, "que apesar do regime ditatorial tem uma tradição parlamentar, se veja diante desta situação". E fez um apelo para que parlamentares da base aliada e da oposição negociem por entender que ele próprio – mesmo no cargo de presidente do Senado – não tem competência para resolver o impasse. "Uma coisa é estar preocupado e poder fazer algo", afirmou.
