Diário da Manhã – Passo Fundo, 20/06/2008 Investimento previsto é de R$ 200 milhões, o maior já feito no município nos últimos trinta anos. Anúncio oficial será nos próximos dias no Palácio Piratini.
Depois de mais de seis meses de negociação, ontem a diretoria institucional da Ambev confirmou, em reunião com o deputado Federal Beto Albuquerque e o ex-secretário de Desenvolvimento Claudemir Bragagnolo, que vai ser instalada uma maltaria em Passo Fundo. O investimento previsto é de R$ 200 milhões, considerado o maior já feito na história recente da cidade. O município disputou a instalação da Ambev com a Argentina, a região metropolitana de São Paulo e outras cidades gaúchas. Conforme Beto Albuquerque, Passo Fundo foi escolhida porque tem uma série de características essenciais para a instalação de uma unidade de processamento de malte. "Nós temos mão de obra qualificada para trabalhar nesse empreendimento, já temos grandes empresas instaladas no município, contamos com um entroncamento rodo-ferroviário para escoar a produção e a qualidade da nossa água está dentro dos padrões para fabricar o malte", explicou o deputado. Além desses, outro fator que pesou foi a produção de cevada na região, que tem cerca de 45 mil hectares. Toda a produção é transportada para Lages e Porto Alegre onde ficam as indústrias mais próximas.
O anúncio oficial da vinda da indústria de malte da Ambev será feito no palácio Piratini, depois que os engenheiros da empresa belga decidam onde será instalada a estrutura. O município ofereceu duas áreas de 30 hectares, que poderão ser doadas para a Ambev. Ambas ficam em pontos estratégicos, próximo a rodovias, uma na RS 324 na frente onde está sendo construída a Italac e outra às margens da BR 285, cerca de 1 km depois da entrada do bairro Alexandre Zácchia. "Independente de qual for o local escolhido, nós já nos comprometemos a dar todos os serviços básicos como terraplenagem, instalação de água, instalação elétrica e até construir novas vias de acesso para a área. Tudo isso porque consideramos a obra importante para alavancar o desenvolvimento local e regional", disse o prefeito Airton Dipp. Técnicos da empresa devem vir a Passo Fundo esta semana para fazer a avaliação dos terrenos. O principal quesito para a decisão deve ser a quantidade de água em cada uma dessas áreas. Conforme Beto Albuquerque elas foram escolhidas a dedo, longe de nascentes e outras áreas de preservação ambiental que poderiam criar entraves ambientais para a instalação.
A maltaria que será construída em Passo Fundo vai abastecer indústrias de todo o país e também dos países do Mercosul. Porém, a Ambev ainda não divulgou quanto será a produção, o número de empregos que a indústria de malte vai gerar e o prazo de instalação. Esses detalhes vão estar esclarecidos no protocolo de intenções que será assinado entre a prefeitura e a diretoria da empresa belga. O documento também vai enumerar as contrapartidas que a Prefeitura vai oferecer de benefícios fiscais, isenção de IPTU, doação de área, infra-estrutura, pavimentação, entre outros.
A expectativa é que também sejam gerados muitos empregos indiretos com a instalação da indústria, principalmente no meio rural e no setor de transporte. "O impacto não será apenas local, mas regional. Teremos que ampliar a cadeia da cevada para atender a demanda dessa indústria. A necessidade dessa matéria prima é tanta que a Ambev está pensando na possibilidade de importar o grão", disse o deputado federal. Para o prefeito Airton Dipp, a instalação de uma unidade da maior distribuidora de bebidas da América do Sul vai alavancar ainda mais a economia de Passo Fundo. "Temos absoluta convicção de que Passo Fundo está dando um salto de qualidade em termos de produção industrial. É mais uma etapa que está sendo cumprida do desenvolvimento", destacou.
Indústria vai ampliar área da cevada
Há pelo menos 15 anos são desenvolvidos, em Passo Fundo, projetos de cooperação na busca de cultivares de cevada adaptadas às condições climáticas da Região Sul e também de variedades mais adequadas para o setor cervejeiro. As pesquisas são desenvolvidas pela Embrapa Trigo em parceria com a Ambev e faz parte do programa nacional de Melhoramento em Cevada. Atualmente é plantada na região 45 mil hectares e a produtividade é de 2,4 toneladas por hectare. "Hoje a cevada se concentrada nos produtores tradicionais, por isso a área não cresce significativamente. Quem planta cevada já é cadastrado pela Ambev, recebe a semente da empresa e assinam um contrato com preço pré-fixado", disse o agrônomo da Emater, Cláudio Dóro.
A vantagem de plantar cevada, principalmente com a vinda da Ambev, é a garantia de que a cevada vai ser comprada com um preço fixo que, normalmente, é o mesmo do trigo. "Ela é uma cultura que exige muito cuidado. O valor é vinculado a qualidade e o acompanhamento técnico. Também não pode chover muito na pré-colheita que pode atrapalhar", disse o agrônomo. A cevada tem um alto potencial de produtividade e é mais tolerante às geadas do que o trigo. Por ser uma cultura de inverno, poderá aumentar a área utilizada nesse período do ano. No verão, são cultivados em média 4 milhões de hectares de soja, enquanto que no inverno o cultivo mais importante, o trigo, tem menos de 800 mil hectares. "Essa diferença poderia ser ocupada pela cevada, trazendo mais uma possibilidade de crescimento para os produtores", enfatizou.
A empresa
A AmBev é a maior indústria privada de bens de consumo do Brasil e a maior cervejaria da América Latina. A Companhia foi criada em 1º de julho de 1999, com a associação das cervejarias Brahma e Antarctica. Líder no mercado brasileiro de cervejas, a AmBev está presente em 14 países, é referência mundial em gestão, crescimento e rentabilidade. Com a aliança global firmada com a InBev, em 3 de março de 2004, a Companhia passou a ter operações na América do Norte com a incorporação da Labatt canadense, tornando-se a Cervejaria das Américas.
