Ciro também vai cair na estrada
- Posted by: Ass. Imprensa
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Correio Braziliense, 01/03/2009
Em reação à desenvoltura de PT e PSDB na disputa pela Presidência da República, o PSB decidiu entrar no páreo da sucessão. A partir deste mês, o deputado federal Ciro Gomes (CE), pré-candidato dos socialistas ao Palácio do Planalto, percorrerá os estados para construir e divulgar as ideias da autointitulada “terceira via”. Ministro da Fazenda na gestão Itamar Franco e titular da Integração Nacional no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro apostará as fichas no debate da crise mundial. Sua meta é apresentar propostas para acelerar as conquistas obtidas no governo atual e fazer da turbulência econômica uma oportunidade para o país.
Antes do giro pelo Brasil, Ciro fará uma exposição para a bancada do PSB na Câmara, na próxima quarta-feira, sobre a crise e as formas de enfrentá-la. Assim, pretende preparar os colegas para o embate eleitoral. “PT e PSDB estão muito iguais, pasteurizados. Só nos credenciaremos como alternativa se apresentarmos algo diferente. O Ciro pode nos dar uma ajuda muito grande nesse sentido, pode ser nosso diferencial”, diz o deputado federal Rodrigo Rollemberg (DF), líder da bancada na Casa.
No comando do Ministério de Ciência e Tecnologia, a legenda defende, por exemplo, mais investimentos em inovação e na segunda geração de biocombustíveis a fim de estimular a economia. Segundo Rollemberg, a reação do governo Lula à crise estaria muito restrita a setores tradicionais.
“PT e PSDB estão na estrada legitimamente. O que não é legítimo é um partido que tem candidato com 15% não estar na estrada”, declara o deputado federal Beto Albuquerque (RS), segundo vice-presidente do PSB e vice-líder do governo na Câmara.
Pesquisa Datafolha divulgada em dezembro passado mostrou o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na liderança da corrida à Presidência, com 41% das intenções de voto. Ciro ficou em segundo, com 15%, em situação de empate técnico com a vereadora Heloísa Helena (PSol), com 14%. Em seguida, despontou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, com 8%. No cenário em que o concorrente tucano é o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, Ciro assumiu a liderança, com 25%, seis pontos à frente de Heloísa e oito de vantagem sobre Aécio.
Reclusão
“Eu não gostaria, sinceramente, de ver o partido apenas como fotógrafo do casamento entre PT e PMDB”, afirma Albuquerque, referindo-se ao fato de o presidente Lula considerar prioridade uma aliança entre as duas maiores legendas governistas em 2010. “Não podemos ficar presos ao fatalismo de uma disputa entre petistas e tucanos. O PSB tem de trabalhar pela candidatura própria. É importante para o partido, para o debate e para a certeza de que haverá segundo turno”, acrescenta. Neste mês, Albuquerque levará Ciro para falar sobre a crise numa comissão da Assembleia Legislativa gaúcha. Secretário-geral do PSB, o senador Renato Casagrande (ES) deixa claro que a meta é acabar com “reclusão” do ex-ministro, postura que incomodou os integrantes da legenda.
Além dos debates estaduais, os socialistas procurarão os outros partidos do chamado Bloco de Esquerda do Congresso, com destaque para PDT e PCdoB. Querem traçar uma estratégia conjunta para 2010, mesmo que cada uma das siglas tenha concorrente na disputa. O senador Cristovam Buarque (DF), por exemplo, já anunciou a disposição de disputar as eleições pelo PDT. “Se dependesse só de nós, não estaríamos discutindo a sucessão agora. Isso não é bom para a democracia, já que restam quase dois anos de mandato a Lula. A prioridade do momento deveria ser a o enfrentamento da crise e do desemprego”, diz o ex-ministro Roberto Amaral, 1º vice-presidente do PSB.
Amaral lembra que, além de Ciro, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a deputada federal Luiza Erundina (SP) têm credenciais para concorrer em 2010. No carnaval, Campos recebeu Dilma no Recife e acompanhou a ministra durante o desfile do Galo da Madrugada, o maior bloco carnavalesco do mundo, segundo o Livro dos Recordes. Líderes do PSB rechaçam a possibilidade de o episódio sugerir uma aproximação do governador, que é o presidente do partido, com a preferida de Lula para assumir o Planalto em 2011. “Isso não indica nenhum tipo de compromisso político e eleitoral”, afirma Rollemberg.