Lula ao PSB: ‘Oposição não tem discurso’ para 2010

Aug 13 2009
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Blog do Josias de Souza, 13/8/2009
Sobre Ciro: disse que respeitará se quiser  disputar Planalto
Sobre Marina: não pedirá para que desista de ser candidata
Sobre Senado: não há um substituto natural  para o Sarney

Durou cerca de três horas e meia a reunião-jantar de Lula com as cúpulas do PSB e do PT. Deu-se na noite passada, no Palácio da Alvorada.

Começou por volta de 21h30. Terminou perto de 1h, já na madrugada desta sexta (13). Afora o anfitrião, participaram dez pessoas (veja lista lá no rodapé).

Além dos dirigentes partidários, foram ao Alvorada os presidenciáveis Ciro Gomes (PSB) e Dilma Rousseff (PT).

Lula conduziu os convidados à sala de jantar. Conversaram enquanto degustavam duas opções de prato: peixe e carne. Vai abaixo um resumo do que foi dito:

1. Vencida a fase da conversa mole, Lula foi ao ponto: 2010. Estava informado sobre a posição do PSB, divulgada à farta nos últimos dias.

 2. Primeiro, disse o que os interlocutores queriam ouvir: se o PSB decidir que Ciro Gomes deve disputar a presidência, vai “respeitar”.

 3. Depois, expôs a estratégia que considera ideal: uma disputa “plebiscitária” entre Dilma e o candidato do PSDB, provavelmente José Serra.

 4. Para Lula, são “grandes” as chances de triunfo. Por quê? O governo terá muito a mostrar. As “realizações” ganharão mais visibilidade no ano que vem.

 5. Soou otimista quanto à economia. Esboçou um cenário de superação da crise. Prevê um 2010 melhor do que o 2009. Não mencionou números.

 6. De resto, acha que a oposição “não tem discurso”. Avalia que o tucanato levará ao palanque a plataforma da “ética”. Não vai colar, acredita.

 7. Mencionou o fato de o PSDB ter ocupado a presidência por oito anos. Insinuou que, nesse período, também acumulou o seu contencioso ético.

 8. Falou sobre a hipótese de Ciro concorrer ao governo de São Paulo. Uma alternativa que, no dizer de Lula, merece ser “muito bem avaliada”.

 9. Nas pegadas de Lula, falou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB. Expôs um compromisso e várias inquietações.

 10. O compromisso: a prioridade do PSB é preservar o projeto conduzido por Lula, um empreendimento ao qual o partido se associou desde o início, em 2003.

 11: As inquietações: acha que, aos olhos de hoje, a tática da disputa presidencial plebiscitária é arriscada. Pode levar a uma derrota no primeiro turno.

 12. Disse que a hipótese de mais de uma candidatura governista pode ser conveniente a Lula. Daí a conveniência de manter Ciro no páreo.

 13. Defendeu a tese de que convém observar a evolução da conjuntura por um período mais alongado. Definições, só no início de 2010, até março.

 14. Em reforço à sua tese, Eduardo Campos disse que a disputa plebiscitária depende de variáveis que fogem ao controle do governo.

 15. Citou a novidade Marina Silva, prestes a mudar-se do PT para o PV, para virar, também ela, candidata à presidência da República.

 16. A esse respeito, Lula disse que não lhe passa pela cabeça apelar a Marina para que não seja candidata.

 17. Lula recorreu à própria história. Disse que, tendo disputado a presidência tantas vezes, não tem "o direito de pedir a alguém para não ser candidato”.

 18. Ciro Gomes não excluiu a hipótese de disputar o governo paulista, como prefere Lula. Mas falou como presidenciável. Ecoou Eduardo quanto aos riscos da tática do plebiscito.

 19. Os mandachuvas do PSB se comprometeram a avaliar a conveniência de mudança do domicílio eleitoral de Ciro do Ceará para São Paulo.

 20. Uma avaliação que terá de ser feita até o final de setembro, prazo limite. Mas, mesmo que opte pela mudança, o partido continuará com os olhos voltados para o Planalto.

 21. Ficou estabelecido que só no ano que vem Ciro decidirá se vai às urnas como candidato ao Palácio dos Bandeirantes ou ao Palácio do Planalto.

 22. Combinou-se que, até lá, PSB e PT farão avaliações periódicas da conjuntura. Se possível, mensais. Quando der, com a presença de Lula.

 23. Embora não tenha sido o prato de resistência do jantar, a crise do Senado foi mencionada à mesa.

 24. Lula não revelou aos presentes o teor da reunião secreta que mantivera na noite da véspera com José Sarney, na Granja do Torto.

 25. O presidente tampouco repisou as defesas enfáticas que costuma fazer da manutenção de Sarney no comando do Senado.

 26. A alturas tantas, Lula pronunciou uma frase que denota preocupação com o dia seguinte: “O problema é que não tem um substituto natural para o Sarney”.

 27. No mais, repetiu um lero-lero encontradiço no discurso do PMDB: a oposição faz da crise do Senado plataforma para 2010.

 28. Dilma estava descontraída. Mas falou pouco. E o pouco que disse foi para reforçar raciocínios do chefe.

 – Eis a lista dos presentes ao jantar do Alvorada- Pelo PT: Ricardo Berzoini, presidente; José Eduardo Cardoso, secretário-geral; Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula; e Dilma Rousseff. Pelo PSB: Eduardo Campos, presidente; Roberto Amaral, vice-presidente; Renato Casagrande, secretário-geral; Rodrigo Rollemberg, líder na Câmara; Beto Albuquerque, vice-líder; e Ciro Gomes.

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