Apesar de o Brasil contabilizar 1,2 milhão de doadores de medula óssea cadastrados, 1,5 mil pacientes aguardam uma chance. O problema está na falta de compatibilidade entre doador e paciente. Do total de doadores cadastrados, apenas 60 mil são gaúchos. O país registra cerca de 10 mil novos casos de leucemia por ano, doença que, na maioria das vezes, somente pode ser enfrentada por meio de transplante.
Para tentar reverter esse quadro, o presidente Lula sancionou a Lei Pietro, prevendo que, anualmente, de 14 a 21 de dezembro, sejam desenvolvidas atividades de esclarecimento e incentivo à doação de medula. O principal objetivo é aumentar o número de cadastrados no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). 'Será um momento de debate, que envolverá ações como campanhas de esclarecimento', explica o autor do projeto que virou lei, deputado federal Beto Albuquerque. O que diz a Lei Pietro:
-Institui a Semana de Mobilização Nacional para a Doação de Medula Óssea, a ser realizada, anualmente, de 14 a 21 de dezembro, quando serão desenvolvidas atividades de esclarecimento e de incentivo à doação de medula óssea e à captação de doadores;
-As ações, as atividades e as campanhas publicitárias devem envolver órgãos públicos e entidades privadas a fim de informar e orientar sobre os procedimentos para o cadastro de doadores e importância da doação de medula óssea para salvar vidas e sobre o armazenamento de dados no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea;
-O principal objetivo da lei é ser um caminho para unificar as esferas municipais, estaduais e federal, além da iniciativa privada, para empreender campanhas na busca de recursos para pesquisas, estruturação de laboratórios e ampliação dos locais para realização de exames de HLA (histocompatibilidade). Estes exames, realizados por meio da retirada de apenas 10 ml de sangue, possibilitam a identificação de características genéticas que possam influenciar no transplante. Os dados são incluídos em um cadastro nacional para, quando necessário, os dados sejam verificados e o doador chamado a doar.
Projeto visa instruir e estimular
Recentemente, Beto Albuquerque protocolou na Câmara Federal um projeto de lei que obriga estabelecimentos de saúde públicos e privados a afixarem material informativo instruindo e estimulando a doação de órgãos e de medula óssea. Sua família lutou 14 meses para salvar Pietro da leucemia mieloide aguda. O transplante ocorreu somente um ano após o diagnóstico. 'Perdi um filho, mas ele virou lei para ajudar os outros', justificou.
Albuquerque propõe uma coordenadoria
Beto Albuquerque, que em janeiro perdeu seu filho Pietro, de 19 anos, para a doença, salienta a dificuldade de se encontrar medula compatível. O SUS investe 25% dos recursos para transplantes em transplante de medula. Como a doação ocorre em vida, o procedimento possui diferenciais. O deputado propõe que o sistema nacional de transplantes crie uma coordenadoria para tratar do assunto, que seja uma referência para as famílias.
