Alianças em aberto

Sep 27 2009
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Correio Braziliense, 27/9/2009
por TIAGO PARIZ

O cenário eleitoral da aliança do PSB com o PT nos estados reflete o momento turbulento por que passam os dois partidos no plano nacional, com a possibilidade de o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) se lançar à Presidência da República, no ano que vem. Dos 27 estados, os dois partidos estão separados em 14, há previsão de aliança em dez e em outros três, há dúvidas.

Ciro Gomes tenta se viabilizar candidato ao Palácio do Planalto na contramão dos interesses do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que gostaria de uma eleição plebiscitária entre sua candidata, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Para tentar desestimular os socialistas, o PT tem lançado ameaças de romper a aliança nos estados.

Pelo quadro atual, os dois partidos estariam juntos nos três estados governados pelo PSB (Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará), em estados administrados pelo PT (Bahia, Sergipe, Pará, Piauí e Acre), além de Roraima e Tocantins. Os partidos são adversários nos três estados do Sul , nos três do Centro-Oeste, no Distrito Federal e em outros seis (veja quadro). Ainda estão em discussão Minas Gerais, Maranhão e São Paulo.

Palanques
O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), vice-presidente da legenda, diz que a candidatura de Ciro Gomes passa pela estratégia do partido para 2010. “Uma candidatura à Presidência é importante na nossa estratégia de dobrar o número de governos estaduais e aumentar a bancada. Preciso aumentar o número de eleitores. Partido é igual a time de futebol: quem não entra em campo perde a torcida”, afirma. Os socialistas também tentam desvincular a candidatura do deputado pelo Ceará das alianças regionais nos estados. “Do lado do PSB, não há nenhuma dificuldade de fechar o apoio com o PT”, declara o senador Renato Casagrande (ES), secretário-geral da legenda.

Mas o PT vê relação. Uma saída que agradaria à cúpula petista seria deslocar Ciro Gomes para a disputa do governo paulista, ideia levantada pelo próprio presidente Lula. Ele deseja criar um palanque forte para Dilma em São Paulo em contraposição ao tucano José Serra.

Para forçar o PSB nessa empreitada, o ex-ministro José Dirceu disse que o PT poderia romper a aliança nos estados e enfraquecer os aliados. Os dirigentes socialistas não esconderam o incômodo. “É uma declaração infeliz, impensada e desrespeitosa com o partido que é aliado do presidente Lula desde 1989 e a quem sempre foi leal. É muita pretensão dele achar que o PSB não vive sem o PT”, rebate Casagrande.

O senador diz que baseia a estratégia do partido nas conversas com o presidente da República. “Nós tratamos direto com o presidente. Dissemos, e ele concordou, que essa questão (de Ciro Gomes candidato a presidente) só será decidida em janeiro ou fevereiro”, afirma.

 

A relação PT-PSB

Veja abaixo o quadro
dos 27 estados

Aliados
Pernambuco
Rio Grande do Norte
Ceará
Bahia
Sergipe
Pará
Piauí
Acre
Roraima
Tocantins

Adversários
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
Paraná
Goiás
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Paraíba
Alagoas
Espírito Santo
Distrito Federal
Rio de Janeiro
Amazonas
Rondônia
Amapá

Dúvida
São Paulo
Minas Gerais
Maranhão

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