PSB reage e rebate Marta

Oct 07 2009
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Jornal do Commércio – Pernambuco, 7/10/2009

Líderes do PSB, inclusive Ciro Gomes, criticam declaração da ex-ministra de que o presidenciável não tem nada a ver com São Paulo

BRASÍLIA – O pré-candidato do PSB à Presidência da República, deputado federal Ciro Gomes (PSB), que trocou seu domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo na semana passada, reagiu ontem às críticas dos petistas paulistas à possibilidade de ele disputar o governo do Estado. Lula tenta tirar Ciro da disputa presidencial, para deixar o caminho aberto para a ministra Dilma Rousseff, mas os petistas de São Paulo disseram não abrir mão de ter candidato próprio no Estado.
“Mudei a contragosto (o título eleitoral). Falei que não queria. Isso faz parte de uma estratégia conversada com o presidente Lula. Só estou executando isso. Reafirmo minha disposição de ser candidato à Presidência da República”, disse Ciro.

Anteontem, a ex-ministra Marta Suplicy disse que o PT terá candidato próprio ao Palácio dos Bandeirantes e defendeu o nome do deputado Antônio Palocci (SP). “Há uma percepção (no partido) de que a candidatura Ciro não tem a ver com São Paulo”, afirmou Marta. Além de Ciro, o PSB não descarta lançar o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, ao governo do Estado.

Segundo a ex-ministra, o presidente estadual do PSB, deputado Márcio França, não deu mostras de que quer discutir uma aliança estadual com o PT. “Acho que o PSB nunca fez caminho de flores para nós no Estado. Acho que Márcio França falou muito claramente que, se não for o Ciro, será Skaf (Paulo Skaf). Então, o que o PT está fazendo nessa conversa? Temos que ter candidato e vamos ter”, defendeu.

Diante da hostilidade do PT paulista, a cúpula do PSB decidiu reforçar o projeto presidencial do partido para 2010. Isso deve criar novas dificuldades ao plano do presidente Lula de tirar Ciro da disputa nacional. Por isso, causou forte contrariedade ao núcleo do governo, em Brasília, a declaração de Marta Suplicy.

Interlocutores de Lula lembraram que ele trabalhou até o último momento – mesmo quando ainda estava no exterior – para garantir a mudança de domicílio eleitoral do deputado cearense. “Essa hostilidade e esse ataque gratuito da Marta deixam claro o caminho que o PSB tem que seguir. Isso mostra que a candidatura presidencial de Ciro é irreversível”, afirmou o vice-líder do governo, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).

“Isso é muito deselegante. É natural de Marta. Mas estamos preocupados é com a grande política e com a candidatura presidencial de Ciro”, reforçou o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral.

Apesar de evitar comentar as declarações de Marta, Ciro reafirmou sua disposição de disputar a Presidência: “Sobre isso eu não comento. Agora, o quadro político é hostil e favorece o candidato de oposição. Para ganhar, achamos necessária a tática de duas candidaturas da base. Essa eleição não será um plebiscito como ocorre na democracia norte-americana. Nós temos que acumular muito”.

AÇÃO

Não bastassem os problemas com os aliados em São Paulo, os socialistas começam a enfrentar problemas internos. Representantes do movimento sindical filiados ao PSB entraram com recursos contra a filiação de Paulo Skaf ao partido. O empresário assinou no dia 30 sua filiação à sigla.

Nos recursos levados aos diretórios municipal e estadual do PSB, em São Paulo, integrantes do PSB de Campinas alegaram que Skaf “é um dos principais líderes patronais do País, que tem se pronunciado contra iniciativas de trabalhadores” e que a Fiesp “é a patrocinadora do projeto que levou os neoliberais” ao poder.

O presidente estadual do PSB, Márcio França, disse que os filiados têm direito de pedir a impugnação. “Mas é um equívoco achar que somos um partido que não pode ter empresário”, disse. Segundo França, Skaf concordou com as diretrizes do PSB antes de entrar na legenda. O presidente da Fiesp informou, por meio da assessoria de imprensa, que respeita o posicionamento dos sindicalistas, mas vai aguardar manifestação do partido.