Briguinhas

Oct 16 2009
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Zero Hora – Porto Alegre, 16/10/2009

Desde que o deputado federal Beto Albuquerque (PSB) apresentou o seu projeto que abate das dívidas tributárias os gastos que São Paulo, Atlético Paranaense e Internacional terão com a reforma dos seus estádios, visando à Copa/2014, venho recebendo e-mails de gremistas indignados com a proposta. Afinal, trata-se de dinheiro público, saído de impostos pagos pelo povo, para financiar remodelações de estádios.

Estas reclamações teriam legitimidade absoluta se viessem acompanhadas de reprovação aos gastos (bilhões) que se farão construindo e reformando nove estádios públicos. O dinheiro que será aplicado também é nosso, dos nossos impostos, etc. Este debate, portanto, seria construtivo se não viesse contaminado pelo clubismo.

Minha posição: se o governo federal investirá uma montanha de dinheiro (nosso) em estádios estaduais e municipais, que pague também as despesas dos três estádios particulares. A Copa será do Brasil e não de alguns estádios públicos.

Desde o primeiro momento, coloquei-me contra o país gastar bilhões e bilhões para sediar Copa do Mundo e Olimpíada. Minha visão, desde o começo, foi um pouco além de questõezinhas envolvendo rivalidades clubísticas. Acho que o país não suporta gastar tanto em eventos que não são prioritários para o bem-estar do povo. Se o dinheiro público vai para estádios particulares ou estatais, não faz a menor diferença. São recursos que seriam melhor aplicados em outras áreas como saúde, educação, segurança, estradas, habitação, etc.

Eu esperava que houvesse um levante nacional contra a ideia da Copa e da Olimpíada. Infelizmente, não houve. Me desculpem aqueles que se insurgem contra o projeto do deputado Beto Albuquerque, mas esta briguinha entre gremistas e colorados é miúda demais diante da grandeza do problema.

Agora mesmo, a restituição do imposto de renda está contida porque minguou a arrecadação com a crise econômica. Compreensível. Porém, o fato também evidencia que não passam de fanfarronices afirmações do tipo “somos um dos 10 países mais ricos do mundo”, temos dinheiro para fazer Copa e Olimpíada, etc. Agora, se dá para gastar dinheiro público em estádios estatais, que se gaste, também, nos particulares. Vale a máxima cínica de Stanislaw: ou restaure-se a moralidade ou nos locupletamos todos.

Coluna Wianey Carlet

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