O futuro da UERGS

Dec 18 2006
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Correio do Povo – Porto Alegre, [18/12/2006]

Beto Albuquerque

A sanção do projeto de lei da Universidade Estadual – Uergs, em 10 de julho de 2001, marcou uma luta de mais de 15 anos da juventude gaúcha. Até então, o Rio Grande do Sul era o único entre os estados mais importantes da Federação que ainda não possuía uma instituição estadual de ensino superior. Após cinco anos de sua criação, é inevitável analisar os seus avanços e os seus retrocessos.

No início de 2006, a Uergs formou suas primeiras turmas. Mas a comemoração foi adiada. Em seu lugar, veio a apreensão com o futuro de uma universidade que, nos últimos quatro anos, foi sucateada. Os números confirmam. Desde 2002, o número de inscritos em vestibular da Uergs reduziu-se de 8.902, na primeira edição, para 3.964 em 2006. A relação candidato por vaga caiu de 9,47, em 2002, para 4,95 em 2006. Para 2007, nem mesmo o vestibular está garantido.

É antiga a advertência que faço de que a demora no processo de institucionalização da Uergs ameaça, cada vez mais, sua sobrevivência. É inconcebível a ausência de um estatuto definitivo e de concurso para contratação de professores e, por conta disso, ainda a indefinição quanto à eleição para reitor.

O governo Olívio Dutra criou a Uergs, realizou processo seletivo de professores e providenciou a infra-estrutura necessária para ofertar, em 2002, 940 vagas, distribuídas em nove cursos e 23 municípios. Tudo isso em apenas cinco meses. A atual reitoria, que assumiu em janeiro de 2003, levou 19 meses para promover um concurso, cuja nomeação tampouco aconteceu. Para agravar mais a situação, a impossibilidade de prorrogar contratos tende a levar ao adiamento do próximo vestibular de verão.

Apesar das dificuldades, neste período de transição de governo, tenho esperança em dias melhores para a universidade estadual. Louvo a intenção da governadora eleita de valorizar o papel da ciência e da tecnologia e tenho certeza de que a Uergs pode e deve desempenhar papel estratégico para a geração da pesquisa, do conhecimento e da inovação. Em respeito aos gaúchos, a Uergs deve estar entre as prioridades do novo governo. Para reerguê-la, terá a nossa firme contribuição.