Beto: pronto para decolar

Jan 21 2010
(0) Comments

Diário da Manhã – Passo Fundo

Em Passo Fundo, o deputado federal e pré-candidato ao Palácio Piratini, Beto Albuquerque (PSB), iniciou na manhã de ontem, 20, a série de encontros em municípios gaúchos para debater soluções aos problemas do Estado. Mas a ocasião passou longe de ser simplesmente uma reunião sobre prioridades regionais. Mesmo extra-oficialmente a campanha já começou. O deputado passo-fundense iniciou pela terra natal uma agenda que deve ser extensa pelo interior do Estado. Durante à tarde, ele seguiu para Erechim.

Batizados de “Desenvolvimento Regional: Assim o Rio Grande vai Decolar de Novo”, os encontros estão sendo sediados pelas Câmaras de Vereadores e contam com a presença de entidades de classe, universidades, Conselhos regionais e membros das comunidades. Na capital do Planalto Médio, o evento teve apoio do Corede da Produção, Acisa e Conselho de Desenvolvimento de Passo Fundo. “É muito importante numa época dessas a gente ter tanta gente aqui presente. Acho que com isso vamos estimular o compromisso de que esse debate seja feito durante todo esse ano que é um período político. Ao promover esse encontro aqui, como vou promover ainda hoje em Erechim, estou querendo que o desenvolvimento regional seja uma pauta, seja assunto”, disse o deputado.

Interiorizar o desenvolvimento foi um dos pontos-chave durante a fala do congressista, o que naturalmente foi recebido com simpatia pelo público. “Minha presença aqui e minha provocação se dá para que não esqueçamos que há no interior do Rio Grande do Sul inteligências acumuladas, trabalhadas e diagnosticadas pelos nossos Coredes, Comudes e universidades que podem e devem nos auxiliar na busca pelo crescimento do Estado. Este não pode ser somente um ano de diagnóstico, porque isso já existe. Precisamos fazer uma agenda de ação, de conciliação e de entendimento”, avaliou. Na opinião de Albuquerque, para que o Estado cresça é preciso “desenvolver por inteiro, tem que interiorizar o desenvolvimento. Levar infraestrutura para o interior, políticas tributárias distintas para estimular novas empresas, novos empregos, novas oportunidades; tem que trazer inovação para o interior, com política de ciência e tecnologia e qualificação profissional – isso que são metas aqui ditas na maioria das intervenções – assuntos estruturantes que são comuns (às regiões)”.

O plenário lotado e a presença de representantes 19 municípios deram uma mostra do poder de mobilização de Albuquerque. “Vim aqui mais para ouvir do que para falar porque quero orientar a minha agenda no Congresso Nacional neste ano de 2010 a partir do que ouvirei aqui e em outras regiões do Estado”, afirmou. Mesmo mantendo o discurso de legislador, sem abrir muito espaço sobre a possível candidatura ao governo estadual, o tema estava implícito e não tardou para que outros membros da mesa se manifestassem em apoio ao deputado.

Investimentos em rodovias, saúde, transporte (com a Ferrosul), agricultura familiar, educação, tecnologia e redução da carga tributária foram demandas confirmadas durante as manifestações dos presentes e comentadas por Albuquerque. “A nossa região da produção pode dar a cada uma das cidades Internet gratuita. O RS é um estado que precisa ter uma visão inovadora e ousada de dar à população esse tipo de ferramental de qualificação. Nós vamos trabalhar nisso, além de iniciar as obras de adequação da BR 285, que interfere nos perímetros urbanos de vários municípios e em Passo Fundo também. Investir para qualificar cada vez mais a saúde de toda a região com os hospitais regionais, nas políticas de saúde básica de cada uma das cidades, apoiar a agricultura familiar, agregando valor a ela. Enfim essas são algumas diretrizes que nós vamos trabalhar e que ficaram muito claras aqui nesse encontro”, afirmou.

Nem chimango, nem maragato

Ainda discreto e extremamente diplomático, apesar de críticas gerais aos últimos governos, Beto preferiu o tom conciliador e defendeu a despolarização, que tem se feito tradicional em solo gaúcho. O deputado, com 47 anos, mais de 20 de vida pública, é um dos nomes mais expressivos do seu partido e também da política riograndense. A sua candidatura poderia significar uma terceira via na disputa Fogaça X Yeda.

“O que eu passei a defender desde o ano passado é a renovação política do Estado, para que possamos sair desse quadro que nos tornou refém de dois ou três partidos que brigam entre si para chamar atenção e que quando governam não resolvem nossos problemas, essa é grande realidade que tem se repetido no Rio Grande”.

Albuquerque afirmou que há anos atrás, os gaúchos eram responsáveis por 10% de toda a riqueza do Brasil. Hoje o Estado produz 6% do PIB brasileiro. “Nós perdemos 40% dessa riqueza e só ficamos assistindo os mesmos no poder, os mesmos querendo voltar e ser novamente o governo, mesmo já tendo governado sem resolver os problemas”, criticou. A perda de espaço no cenário nacional e o desenvolvimento decrescente foram creditados pelo deputado à série de disputas políticas já corriqueiras no Estado. “Nós brigamos muito e resolvemos pouco. A política gaúcha cria mais problema do que resolve e eu acho que é um tempo de reflexão para renovação política, para arranjos políticos novos, não apenas aqueles mesmos que a gente vê a cada eleição se formando, querendo mais uma vez se hegemonizar”, considerou.

“Nós temos discutido não só por uma terceira via, mas por uma frente ampla porque nós precisamos ter no RS um cicli de entendimento. Por isso eu preciso me aproximar de quem pensa diferente de mim, eu tenho que montar uma aliança política com quem está num campo. Se não como eu construo entendimento se eu não estou junto com quem pensa diferente”, explicou. A sentença também pode ser uma tentativa de justificar alianças com partidos de ideologia e origem bastante distintas, como é o caso do Partido Progressista (a priori, extrema direita), originado a partir do antigo Arena. Além do PP, PCdoB, PPS, PV, PR, PSC e PTdoB também estão em tratativas para coligação. “Estes que são partidos fora dos pólos hegemônicos de conflitos e debates. Nós estamos com paciência, com muita perseverança. Cada partido tem o seu tempo, o seu jeito. Mas eu acredito muito numa aliança com esse leque de partidos, incluindo o PTB, que está com pré-candidato na rua, o deputado Lara, que eu respeito muito e nós estamos dialogando. Quem sabe juntaremos todos os esforços para termos uma candidatura única e vencermos as eleições com uma perspectiva muito diferente daquela que nós já vimos e que não deram certo no RS”, informou.

A série de encontros vai seu uma oportunidade importante para sondar quais as necessidades dos eleitores e pode fazer diferença na corrida ao Piratini. Nos bastidores foi especulado que a campanha, se efetivada, pode ter como slogan o título das reuniões: “Assim o Rio Grande vai decolar de novo”. Parece que Beto Albuquerque já começou a alçar vôo.

} else {