O emblema da impunidade

Feb 22 2010
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BLOG PRAIA DE XANGRI-LÁ

22/02/10

Jayme Copstein

A não ser que esteja me escapando o essencial, não tenho como concordar com o jornalista Gaudêncio Torquato, de que a prisão de José Roberto Arruda, governador de Brasília, seja um marco na História brasileira, como ele afirma em “O último samba de Brasília, no Estadão de domingo.

Se há o que não falta na história brasileira são prisões de políticos acusados de corrupção, todas acompanhadas dos indefectíveis “habeas”. Vocês conhecem alguém da “confraria” que esteja na cadeia?

Só por que se trata de um governador? Nega o caráter de emblemática à prisão de Arruda o fato de não decorrer das acusações de corrupção, comprovadas por filmagens, mas da tentativa de obstruir as investigações oferecendo suborno a testemunhas. Assim mesmo, não é decisão unânime, é apenas de maioria escassa do Superior Tribunal de Justiça, após intenso debate sobre a constitucionalidade do ato (falta de permissão legislativa), e é também decisão pessoal do ministro Marco Aurélio Mello, à espera de ratificação do plenário do Supremo Tribunal Federal.

Seriam necessários grossos volumes para relacionar os “marcos” do “prende-solta” da História brasileira. Emblemática, com toda a certeza é a impunidade ampla, geral e irrestrita para quem mata, rouba e corrompe neste país.

A comédia da sucessão

Engraçados, os palpites em torno da sucessão estadual no Rio Grande do Sul. É como se o poder tivesse donos e o eleitor fisse mero serviçal de algumas certezas. Os “observadores” decretam, do alto de sua sapiência, que a disputa será travada entre Tarso Genro e José Fogaça, sem considerar o fenômeno que levou Germano Rigotto e Yeda Crusius ao Palácio Piratini.

Há muita semelhança entre analistas políticos, economistas e repórteres esportivos. Sabem tudo com antecedência, mas, mestres mesmo eles só o são depois, para explicar porque “não deu certo”.

Eu não deixaria de considerar, por exemplo, o papel que Beto Albuquerque, candidato do PSB, possa desempenhar no quadro sucessório por sua pregação. É um político jovem, inteligente, talentoso, íntegro e trabalhador.

Menos, ainda, deixaria de levar em conta as probabilidades da própria governadora Yeda Crusius de rara fibra quer no enfrentamento de uma oposição desatinada, que não hesitou em se valer de pesadas difamações, sem nenhuma prova concreta, para tentar depô-la, quer na liquidação das futricas nascidas de ambições desatendidas, tumultuando politicamente seu governo. Mesmo assim, conseguiu levar o barco adiante com competência, zerando o déficit público, pagando em dia os fornecedores do Estado e começando a atender aos precatórios. Tem o que apresentar ao eleitorado.

A propósito

A propósito de donos do poder. li que um candidato a candidato, contando com o ovo no oviduto da penosa, anda distribuindo “seus” votos pelos companheiros. E eu pensando que voto pertencesse ao eleitor. Vivendo e aprendendo.

Fonte: www.jaymecopstein.com.br

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