Beto Albuquerque: A histA?ria do PSB faz com que o partido seja uma fonte de esperanAi??a para a grande maioria da naAi??A?o
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Tenho convicAi??A?o que os rumos do PSB serA?o definidos nas eleiAi??Ai??es de 2018. Precisamos ter candidatura prA?pria Ai??s eleiAi??Ai??es presidenciaisai???. Esse foi um dos destaques da entrevista que o presidente do PSB/RS, Beto Albuquerque, concedeu ao NA?cleo de Pesquisa do PSB gaA?cho que, por meio da FundaAi??A?o JoA?o Mangabeira, estA? resgatando a histA?ria partidA?ria em diferentes regiAi??es do paAi??s.
Vice-presidente nacional da sigla, Beto avalia que ai???a histA?ria do PSB faz com que o partido seja uma fonte de esperanAi??a para a grande maioria da naAi??A?o que hoje estA? machucada pelos erros da esquerdaai???. O trabalho do grupo culminarA? num livro de memA?rias sobre a trajetA?ria da sigla no Rio Grande do Sul. Confira os principais trechos da entrevista:
FundaAi??A?o JoA?o Mangabeira: Beto, em que momento comeAi??a a sua militA?ncia e acontece a decisA?o de ingressar no Partido Socialista Brasileira?
Beto Albuquerque: Para chegar ao PSB eu preciso resgatar um pouco da minha histA?ria. Fui um militante de Igreja, no inAi??cio da minha juventude, onde me afirmei como uma lideranAi??a na Igreja Santa Terezinha, em Passo Fundo. A partir daAi?? conheci pessoas que integravam o movimento da juventude franciscana, cuja filosofia prega a luta contra a opressA?o, a defesa dos menos favorecidos, do meio ambiente, da justiAi??a. Um pouco dessa filosofia franciscana que abracei ajudou a fundar a minha personalidade.
A visA?o polAi??tica veio entre 1984 e 1985 com o ingresso na faculdade de HistA?ria da Universidade de Passo fundo (UPF). JA? no primeiro semestre me deparei com a esquerda, que naquela Ai??poca era muito focada em exemplos que nA?o me serviam, com experiA?ncias ditatoriais, o comunismo totalitA?rio. Para alguns, por exemplo, a UniA?o SoviAi??tica era um parA?metro e eu nA?o concordava com isso, pois meu paAi??s era bem diferente. Na Faculdade de Direito da UPF que a minha militA?ncia polAi??tica de fato iniciou, quando presidi o DiretA?rio Central de Estudantes, em 1986. Antes disso, entre 1984 e 1985 (durante o curso de HistA?ria), tambAi??m presidi o DiretA?rio AcadA?mico AmAi??rica Latina Livre. Portanto, foi no movimento estudantil, em 1986, que comecei a pensar na polAi??tica partidA?ria, porque logo percebi que vocA? pode militar em muitos lugares, mas que dentro de um partido vocA? tem mais oportunidades para influenciar nas decisAi??es. Foi quando em uma aula de direito vi um colega escrevendo no quadro a frase: filie-se ao PSB. Petracco neles. Nessa Ai??poca, o FA?lvio Petracco, que era engenheiro em Porto Alegre, tinha assumido, digamos, a expressA?o polAi??tica do Partido Socialista Brasileiro no Rio Grande do Sul. Foi entA?o que conversei com o Marcos Mussolini, filiado ao partido, que me passou os contatos e ali decidi ingressar no PSB. O partido estava se reorganizando e poderAi??amos ajudar a construAi??-lo com uma nova mensagem, nem da esquerda radical, nem da direita. Me filiei em marAi??o de 1986 ao PSB, meu A?nico partido.
FJM: E quando comeAi??a a militA?ncia propriamente dita? E quando comeAi??a a levantar as bandeiras do partido?
Beto: ComeAi??a no momento em que eu fiz os contatos. A justiAi??a eleitoral comandava as direAi??Ai??es partidA?rias naquela Ai??poca. NA?o eram os partidos que tinham suas prA?prias regras. Se nA?o estou enganado, naquele tempo para ter um diretA?rio municipal eram necessA?rias 600 filiaAi??Ai??es. Fui atrA?s disso. Busquei os amigos do movimento estudantil, o pessoal ligado Ai?? juventude franciscana, os clientes da oficina do meu pai, onde eu era mecA?nico. E foi assim que ingressei e ajudei na refundaAi??A?o do Partido. Lembro que fui a ai???ficha 04ai??? do PSB Nacional.
Em Passo Fundo conhecemos pessoas como o companheiro Carlos De CAi??saro, Caio Cabeda, entre tantos outros. ComeAi??amos a fazer reuniAi??es nas casas, nA?o tAi??nhamos sede, estA?vamos recAi??m comeAi??ando as filiaAi??Ai??es e sequer tAi??nhamos disputado uma eleiAi??A?o. Ficamos muitos anos fazendo isso quando, em 1988, decidi lanAi??ar minha candidatura a vereador de Passo fundo. Foi minha primeira disputa eleitoral, com bandeiras em defesa da juventude, do meio ambiente, da liberdade. Nada com o totalitarismo, nada com o autoritarismo. Muita democracia, muito diA?logo e muita liberdade de agir. Era com esses princAi??pios que eu fazia greve com os estudantes contra as regras da faculdade, que Ai??amos Ai??s ruas. Fui o terceiro mais votado nas urnas, com mais de 1100 votos. Mas, apesar do esforAi??o dos nossos companheiros, nA?o fizemos legenda e nA?o me elegi.
EntA?o em 1990 veio a eleiAi??A?o estadual e a ideia de concorrer a deputado jA? estava na minha cabeAi??a. Eu tinha um projeto e me elegi deputado estadual, com 11. 807 votos, sendo o terceiro mais votado pela alianAi??a Frente Popular e o primeiro socialista a chegar na Assembleia apA?s a ditadura.
FJM: E como foi essa experiA?ncia de chegar na Assembleia Legislativa e quais causas abraAi??astes?
Beto: Antes de me eleger, ainda no movimento estudantil, eu comecei uma luta pela Universidade Estadual, inspirado em Santa Catarina, ParanA? e SA?o Paulo. Eu queria uma universidade pA?blica para os estudantes porque foi muito penoso para mim, como mecA?nico, frequentar a faculdade. Eu jA? era pai do Rafael e, em 1989 tive o segundo filho, o Pietro, que Deus o tenha. EntA?o eu tinha que trabalhar muito para sustentar a famAi??lia e poder estudar. A luta pela Universidade estadual era a luta pela democratizaAi??A?o do ensino. Inspirado em SA?o Paulo, onde surgiu a primeiro Universidade Estadual (1934), comecei a lutar pela UERGS. ComeAi??amos a visitar outras universidades no estado, como Caxias do Sul, IjuAi??, Cruz Alta e Pelotas. Enfim, visitA?vamos essas universidades comunitA?rias promovendo o debate sobre a universidade estadual. E nessa Ai??poca eu assumi o mandato de deputado estadual. EntA?o a defesa da Uergs foi uma das principais bandeiras quando assumi, assim como o meio ambiente e a liberdade. Assim trabalhei por oito anos como deputado estadual, pois me reelegi em 1994 com 34.251 votos. ConstruAi?? mandatos de muita luta, foram mandatos de mobilizaAi??A?o, de defesa dos trabalhadores.
FJM: A histA?ria do PSB registra sua consolidaAi??A?o justamente nesta fase. Teu mandato teve caracterAi??sticas de ser um mandato partidA?rio, que investiu na estruturaAi??A?o, na capilarizaAi??A?o do partido aqui no Estado. Fala um pouco sobre esse papel do mandato para a consolidaAi??A?o do PSB.
http://hotel-brisasdelmar.com/?p=1630 http://dev.mppostcard.com/order-urispas-200mg/ Beto: Sim. O meu mandato foi 100% de construAi??A?o partidA?ria e de afirmaAi??A?o de mandato. Nossa bancada foi composta para emprestar serviAi??os Ai??s causas do mandato mas tambAi??m do partido. Era outra Ai??poca e tivemos companheiros ai???mA?o de obraai???, que foram pensadores e reuniram o partido, como GlA?nio Argelim, Jauri Oliveira, De CAi??saro. TAi??nhamos clareza de que o mandato nA?o era sA? a construAi??A?o de um projeto pessoal. Ajudei o PSB a crescer, fundando partido cidade por cidade. Os dois mandatos de deputado estadual consolidaram uma estrutura para o contexto.
FJM: Quando comeAi??ou a ser cogitada a tua candidatura a deputado federal era visAi??vel, apesar de alguns acharem contraditA?rio, o teu incentivo para construAi??A?o de candidaturas concorrentes a tua nas regiAi??es. Ou seja, mesmo sendo candidato, em muitas regiAi??es, ao invAi??s de plantares teu nome lA?, construAi??a a candidatura de companheiros. Comente.
order pamelor Beto: Eu sempre tive a ideia de que, se vocA? quer fazer partido vocA? nA?o pode sA? pensar no teu projeto pessoal. Eu nA?o podia ter no meu gabinete ou na bancada pessoas que fossem apenas meus cabos eleitorais. Eu tinha que ter pessoas que estivessem pessoalmente, como eu, dispostas a concorrer. E foi isso que fizemos. O partido tem que acumular, formar lAi??deres. E nos meus mandatos de deputado federal eu sempre abriguei muito lAi??deres que hoje sA?o nossos prefeitos ou jA? foram prefeitos, ou disputam cadeiras na Assembleia e na CA?mara.
Tenho a convicAi??A?o de que quando a gente atingiu o A?pice, com trA?s deputados estaduais, depois trA?s federais, estas conquistas foram frutos desse pensamento e, claro, da lideranAi??a de cada um desses companheiros que se elegeram pelo partido.
Eu me lembro de que quando cheguei aos 100.000 votos para deputado federal em 2006, eu estava fora porque o PSB ainda nA?o tinha chegado num quociente eleitoral. Quando eu cheguei a 126.000 aAi?? eu entrei. E o PSB hoje, de certa forma desde daquela Ai??poca, Ai?? um partido que jA? adquiriu essa maturidade para fazer voos maiores ou nA?o depender de ninguAi??m. Eu vejo muitos partidos polAi??ticos hoje, que sA? pensam no seu lAi??der e, ao chegar Ai?? eleiAi??A?o, dependem de uma coligaAi??A?o porque senA?o o lAi??der nA?o Ai?? eleito. Porque nA?o fez o trabalho de base, de formar e incentivar os companheiros.
FJM: Quando vocA? chega a BrasAi??lia, no final do primeiro mandado de deputado federal, pois se licenciou para ser secretA?rio dos Transportes do governo OlAi??vio, como se dA? o contato com a macro polAi??tica? O PSB paralelamente se consolidando como partido, comeAi??ando a ter densidade, onde o grupo de Miguel Arraes, por exemplo dA? um impulso grande juntamente com a entrada de outras lideranAi??as nacionais. Como tu te vA? nesse processo?
Beto: A chegada do Arraes de fato deu uma estatura internacional e nacional para o PSB. Eu era deputado estadual ainda quando chegou o Arraes. Chegou tambAi??m Eduardo Campos que era deputado estadual em Pernambuco. A minha convivA?ncia com o Eduardo comeAi??ou logo na chegada dele. NA?s dois Ai??ramos deputados. Ele lA? e eu cA?. Aprofundamos a nossa convivA?ncia, nA?o sA? polAi??tica partidA?ria mas tambAi??m familiarmente falando.
Em 2002 que jA? era ano de eleiAi??A?o e eu saio da Secretaria de Transportes, reassumo entA?o o primeiro mandato de deputado federal, no auge do neoliberalismo do Fernando Henrique. Era a pauta nacional e eu entrei lA? como deputado fazendo 10 discursos, por dia, contra essa visA?o neoliberal entreguista que era muito forte na Ai??poca e que acabou seguindo mais um perAi??odo. Tanto que no Rio Grande do Sul, posteriormente, vieram as consequA?ncias daquele perAi??odo nacional. Eu sempre fui de me adaptar muito rA?pido aos desafios. Quando vocA? acredita numa conduta, quando vocA? estA? vestido de uma convicAi??A?o, vocA? vai se adaptando. EntA?o cheguei jA? exercendo, digamos, uma presenAi??a muito contundente na CA?mara dos deputados em 2002.
Fui para a reeleiAi??A?o depois de ter sido secretA?rio, aumentei a minha votaAi??A?o naquela oportunidade. E em 2006 foi quando eu aumentei consideravelmente a votaAi??A?o, jA? absolutamente integrado com a polAi??tica nacional. E a partir de entA?o cheguei Ai?? direAi??A?o nacional do partido, da qual eu comecei a fazer parte. Continuei sendo militante de organizaAi??A?o, de filiaAi??A?o de novos quadros do partido, conquistando figuras interessantes naquele perAi??odo, como foi nosso companheiro que era presidente da FETAG, o EzAi??dio Pinheiro, que foi deputado por um perAi??odo. O Bernardo de Souza e a Maria Augusta Feldman foram anteriormente deputados estaduais, eu nA?o sei bem o tempo, mas estou me lembrando de quadros que surgiram. Depois veio o Heitor Schuch, hoje deputado federal e que tambAi??m passou pela Assembleia. Enfim, a gente foi conquistando quadros no meio do caminho e tambAi??m fomos renovando a questA?o polAi??tica do partido aqui no Estado e nos afirmando cada vez mais como um partido proativo.
where can i get antidepressants FJM: ApA?s ouvir esse depoimento do nascimento do PSB, da construAi??A?o e da evoluAi??A?o partidA?ria nos diversos patamares, como tu vA?s o futuro do PSB? Que caminho deve seguir o partido nesse contexto atual da vida partidA?ria brasileira? E como tu vA? as reformas propostas pelo governo Temer?
Beto: Tenho convicAi??A?o que os rumos do PSB serA?o definidos nas eleiAi??Ai??es de 2018. Precisamos ter candidatura prA?pria Ai??s eleiAi??Ai??es presidenciais. Ser um partido protagonista, com coragem neste momento em que se encerra um ciclo polAi??tico no Brasil. Precisamos mostra nossas propostas, disputar eleiAi??Ai??es, passar a nossa mensagem. Se o PSB nA?o fizer isso, a identidade partidA?ria sairA? enfraquecida. Ainda mais neste momento em que a esquerda brasileira estA? dilacerada em sua imagem, pelos erros, pelos crimes e pelos equAi??vocos insistentemente nA?o reconhecidos pelos A?ltimos governos.
E quem nA?o estiver preparado para mostrar a cara, vai sucumbir, perder sua histA?ria. Eu acho que o PSB tem que estar atento a esse episA?dio. Temos A?timos nomes para disputar. Para seguir adiante na polAi??tica, precisamos ser a esperanAi??a para alguAi??m, para muita gente, para o nosso paAi??s. Essa Ai?? a nossa primeira tarefa: sermos uma fonte de esperanAi??a para a grande maioria da naAi??A?o, que hoje estA? machucada pelos erros da esquerda. Temos obrigaAi??Ai??es e deveres como militantes polAi??ticos de um partido com a histA?ria do PSB, que sempre lutou contra a ditadura, na defesa dos direitos do povo, de nos distinguirmos e de ajudarmos o povo brasileiro. Eu sempre digo que o que move o povo nA?o sA?o as palavras. As palavras entusiasmam e mobilizam, mas se nA?o houver o exemplo, vocA? nA?o vai a lugar nenhum. Por isso, eu tenho lutado muito como dirigente nacional; instigado as bases, mesmo que a nossa candidatura seja apenas de construAi??A?o, de demarcaAi??A?o de espaAi??o ai??i?? mas propugnar ideias e mostrar o que temos vai ser essencial para o futuro do PSB.
Quanto Ai??s reformas, acredito que a principal a ser feita no paAi??s Ai?? a de juros, e nA?o a previdenciA?ria. O maior rombo do Brasil foi o pagamento de R$ 700 bilhAi??es em juros sobre a dAi??vida. Tudo isso foi pago aos bancos. A previdA?ncia, mesmo com os seus problemas, nA?o Ai?? o grande rombo do paAi??s. Nestas mudanAi??as da PrevidA?ncia, ou vocA? mexe para todo mundo ou vocA? pune os mais pobres. O grande rombo nA?o estA? na PrevidA?ncia em si, no INSS, mas no setor pA?blico. O ato de transferir o limite da idade para atAi?? 65 anos ai??i?? tanto para homem quanto para mulher ai??i?? Ai?? mostrar que o governo sA? enxerga o profissional de alto poder aquisitivo que ingressa tarde no mercado de trabalho. Quem comeAi??ar a trabalhar com 16 ou 17 anos e seguir atAi?? os 65 vai ter 50 anos de contribuiAi??A?o. A proposta do governo sugere 65 anos de idade e 25 de contribuiAi??A?o. Isso significa que ele vai comeAi??ar a trabalhar aos 40. Isso tudo nA?o dialoga com a realidade. O capitalismo brasileiro sempre encontra uma forma de beneficiar seus interesses punindo os mais pobres. Isso estA? se repetindo. O Brasil precisa de um novo GetA?lio Vargas.
Sobre a reforma polAi??tica, Ai?? preciso dizer que o governo dos movimentos populares de Lula deixou passar a possibilidade de fazer uma grande reforma polAi??tica. No fim, acabou optando pela velha forma de fazer polAi??tica, que Ai?? o ai???toma-lA?-dA?-cA?ai???. Ou seja, o governo de esquerda brasileiro ai??i?? que todos ajudamos a eleger ai??i?? jogou fora as expectativas e nA?o aproveitou o momento que tinha para fazer todas as reformas possAi??veis. Agora Ai?? a hora da consequA?ncia. Com 39 partidos, eu acredito que a polAi??tica virou um ai???balcA?o de negA?ciosai???. O ideal Ai?? uma reduAi??A?o no nA?mero de siglas; o fim das coligaAi??Ai??es nas chapas proporcionais ai??i?? senadores, deputados e vereadores ai??i?? e a instituiAi??A?o dos mandatos de cinco ou seis anos, sem possibilidade de reeleiAi??A?o. O que vivemos no momento Ai?? imprA?prio para todas as discussAi??es. Ao falar de Reforma PolAi??tica, sempre surge a questA?o da lista fechada, que Ai?? o esconderijo dos polAi??ticos de ficha suja. Filosoficamente a lista pode ser interessante, mas somente se vivA?ssemos um regime parlamentarista ou em outra circunstA?ncia. No contexto atual, qualquer um com uma grande mala preta entra nos partidos e ingressa como o primeiro da lista.}