Demagogos do asfalto

Nov 10 1999
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[10/11/1999]

 

As afirmações contraditórias, incoerentes e inverídicas feitas pelo deputado Mário Bernd (PMDB) sobre a política adotada pelo governo Antônio Britto e pelo nosso para o setor do transporte rodoviário, merecem uma resposta a altura, até porque a sociedade precisa tomar conhecimento da realidade dos fatos.

O governo anterior, com sua vocação de vendilhão do patrimônio público, apurou em seu mandato com a rifa de estatais, como CEEE e CRT, mais de R$ 5 bilhões. Administrou quatro anos, portanto, com cinco orçamentos. O que produziu em estradas ao longo de seu mandato? Como diz o deputado oposicionista efetivos 1224 quilômetros. Ora, se fez isso em quatro anos com todo o adicional de privatizações, como pode Ter prometido e contratado 4.033 quilômetros, ou seja, R$ 1 bilhão 450 milhões em obras rodoviárias?

Na verdade, o ano de 1998 caracterizou-se por um ano eleitoreiro. Nele, o governo que nos antecedeu, mais precisamente no mês de junho, contratou e deu ordem de início a 300 obras. Todas, é claro, com imensas placas promocionais, uma boa churrascada e longo foguetório. A mais alta demagogia do asfalto, afinal foi no último semestre de um governo que teve 4 anos para governar.

Não fora apenas isso, o Governo contratante deixou-nos orçados para 1999 apenas R$ 180 milhões para estradas. Contratou R$ 1 bilhão 450 milhões e deixou no orçamento R$ 180 milhões em 1999. Agravado ainda pelo saldo de R$ 110 milhões de obras realizadas ao longo do ano passado mas, que não foram pagos. As empreiteiras estão aí para testemunhar as contas não pagas por Antônio Britto.

O programa Asfalto para Todos, que deveria ter como fundo financiados R$300 milhões da venda da CEEE, na verdade, teve apenas R$ 201 milhões. Contudo, só neste programa, em junho de 1998, foram contratados R$ 700 milhões. E disseram que os recursos estavam reservados. Fizeram isto em cada município onde lá se colocasse placas promocionais às vésperas das eleições.

Apesar de tudo, e também do rombo de R$ 1,2 bilhões de déficit operacional que herdamos, nosso governo já produziu, empenhou e faturou neste ano de 1999 em rodovias mais de R$ 220 milhões de obras. Isso equivale ao dobro do que o governo anterior investiu no setor em seu primeiro ano de administração.

Estamos dando continuidade a construção de mil quilômetros de rodovias, restaurando outros 440 Km, sinalizando 1.260 e fazendo manutenção na malha não pavimentada. Além disso temos que fazer investimentos em rodovias federais destruídas que o governo do doutor Mário Bernd foi trazer para a responsabilidade do Estado em 1997, num péssimo negócio para os interesses do gaúchos.

Para o ano 2000, já estão assegurados R$ 240 milhões, na proposta orçamentária para as rodovias. Estamos licitando mais 400 quilômetros para a construção de novas estradas e 637 quilômetros de rodovias que serão restauradas. Em dois anos de governo estaremos investindo, portanto, com sacrifícios, meio bilhão de reais em estradas. Faremos, em dois anos, o que os nossos antecessores levaram quatro para fazer.

O orçamento participativo é a escolha cidadã que impede a demagogia de prometer e não cumprir. Com ele, só o litoral, por exemplo, que fez a escolha dos transportes como prioridade receberá mais de R$ 12 milhões em estradas no ano 2000. Falei de obras não de placas. Outras regiões que fizeram sua prioridade o transportes receberão os seus recursos.

Um orçamento participativo traz a verdade, o que vai ser feito e exatamente o que será investido e põe um fim a velha prática de falar de todas as obras e depois fazer apenas algumas a escolha e o critério do governante.

Estrada para nós é fundamental, é desenvolvimento. Nosso compromisso é fazê-la e não apenas prometê-la. Obra tem que ter início, meio e fim. Não era esta a prática, basta ver o estoque que recebemos de contratos, sendo que 51 deles, possuem mais de 10 anos e a estrada continua lá esperando pelo asfalto.

Ora, dizer que as obras pararam, que não estamos investindo, que havia dinheiro sobrando é retórica de quem governou e não fez o que hoje diz que tem que ser feito. Não basta indicar estradas é preciso indicar os recursos para executá-las. O difícil mesmo é engolir a demagogia do asfalto.