De 14 a 21 de dezembro, os brasileiros terão a chance de ser solidários. Protocolei na Câmara Federal o Projeto de Lei 4.383/2008, que institui a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea. O dia 14 não foi escolhido por acaso. Nesse dia, em 2007, iniciei a busca por um doador compatível para transplante de medula em meu filho Pietro, de 19 anos, acometido por leucemia mielóide aguda.
Esta doença diminui a produção de glóbulos vermelhos, resultando em anemia, cansaço fácil e sonolência. Diminui a produção de plaquetas, gerando manchas roxas, pequenos pontos vermelhos sob a pele e sangramentos prolongados em pequenos ferimentos. Um terceiro sintoma é a diminuição dos glóbulos brancos, com alto risco de infecção. Este drama é enfrentado por milhares de famílias. Hoje são 10 mil casos por ano no Brasil, 900 deles no Rio Grande do Sul. Na maioria deles há dificuldades para encontrar doador na família ou mesmo dentro do país.
Como pai de um garoto que luta contra esta doença, mas felizmente conseguiu fazer o transplante, e como deputado federal, me sinto no dever de levantar esta bandeira para sensibilizar a população. Incluí no projeto o slogan "Neste Natal, dê um presente a quem precisa de ti pra viver: Cadastre-se como doador de medula". A rigor não dependemos de lei para mobilizar órgãos públicos e entidades privadas. Queremos informar e orientar sobre os procedimentos para fazer parte do cadastro de doadores, sobre a importância da doação de medula óssea para salvar vidas e sobre o armazenamento de dados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Nosso foco é o esclarecimento. Não podemos mais deixar que vidas sejam perdidas por falta de informação.
Para se tornar doador basta retirar uma pequena quantidade de sangue (10 ml) e preencher uma ficha com informações pessoais. O sangue passará por exame de histocompatibilidade (HLA), teste de laboratório para identificar características genéticas que possam influenciar no transplante. O tipo de HLA será incluído em um cadastro nacional e quando aparecer um paciente a compatibilidade será verificada.
Seria muito simples não fosse o problema da compatibilidade entre as medulas do doador e do receptor. A chance de se encontrar uma medula compatível é de uma em 100 mil. Por isso que, quanto mais brasileiros se dispuserem a doar os 10 ml de sangue, maiores as chances. Neste Natal, as pessoas precisam ser mais solidárias. Isso pode ser feito em qualquer hemocentro, uma atitude simples, mas que poderá acabar com a agonia de milhares de famílias de brasileiros. Para o doador, trata-se de apenas um incômodo passageiro. Para o doente, será a diferença entre a vida e a morte.
*Deputado federal (PSB-RS) e vice-líder do governo Lula
