Agricultura e Planejamento Estratégico
- Posted by: Ass. Imprensa
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O planejamento é o calcanhar-de-aquiles da agricultura brasileira. Para produzirmos o necessário, tanto alimentos como biocombustíveis, precisamos traçar com urgência um plano estratégico para as próximas décadas, que pode ser chamado de PAC para a Agricultura. Garantir a nossa segurança alimentar e diminuir a dependência do petróleo é o desafio de uma potência agrícola como o Brasil.
A agricultura brasileira precisa, para tanto, romper a dependência excessiva em relação aos insumos importados e aos oligopólios. O caso dos fertilizantes é emblemático. Elevados à condição de vilões da agroinflação, o preço dos fertilizantes subiu mais de 300% em um ano e meio. Nesse ritmo, pode-se chegar a uma situação em que os próprios gastos com importação de fertilizantes poderão afetar os saldos comerciais do agronegócio brasileiro.
A redução da dependência externa só virá a médio e longo prazo. Embora tardiamente, o governo brasileiro acerta ao deflagrar uma corrida nacional para explorar jazidas potenciais e confirmadas de fósforo e potássio em todo o território nacional por meio do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). Neste planejamento estratégico, é preciso comprometer a Petrobrás na expansão da oferta de uma importante matéria-prima para fertilizantes: o gás natural e a nafta (derivado do petróleo). Essas matérias-primas são a base para produzir o insumo principal para a produção de fertilizantes nitrogenados, como nitrato de amônia e uréia.
É necessário, também, estimular as cooperativas para a montagem de unidades misturadoras, estimular a concorrência no setor de adubos, além de linhas de crédito voltadas aos agricultores que poderiam ser operadas pelo BNDES ou Banco do Brasil.
Investimentos em novas gerações de fertilizante, de fontes alternativas, em plantas que absorvam maiores quantidades de energia do sol e em reciclagem de subprodutos como fonte de fertilizantes para mitigar os enormes riscos e custos destes são fundamentais para o futuro. Pesquisa e investimentos em inovação, principalmente no desenvolvimento genético, novas sementes, precisam atender a soluções que conduzam à sustentabilidade; não à maior dependência. Estímulos nos preços são o melhor incentivo para o crescimento da produção, especialmente para cultivos como o do trigo, com tecnologia e inclusão.
Com planejamento, queremos incentivar nossos agricultores e o agronegócio a investirem no setor de alimentos processados, semi-processados e alimentos industrializados. O crescimento da produtividade pode ser indutor das agroindústrias, criando uma cadeia de valor adicionado ao agronegócio e até à agricultura familiar do país.
Os gargalos que o Brasil precisa superar não se limitam à produção agrícola, mas à infra-estrutura de armazenagem e transporte. Temos de criar condições para corrigir as nossas deficiências logísticas, em rodovias, ferrovias, aeroportos e portos. Tudo para sermos mais competitivos em uma atividade primária, porém complexa, base da cadeia produtiva nacional que merece mais esforços e inteligência.
* Deputado federal, vice-líder do governo na Câmara dos Deputados