Caminhoneiros: o descumprimento da negociação

Aug 10 1999
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[10/08/1999]

O descaso do governo federal que nunca deu atenção aos transportadores de cargas e caminhoneiros, obrigou essas categorias a desencadearem um movimento, em nível nacional, de paralisação nas estradas. As autoridades competentes foram alertadas da intenção de greve e sequer quiseram tomar conhecimento do assunto. Ao contrário, os constantes aumentos nos preços dos combustíveis e derivados do petróleo são uma prova disso. O presidente da República foi surpreendido pela organização de um movimento que tomou conta de todo o Brasil e que reivindicava melhores condições de trabalho, salários justos e segurança nas estradas. Se o diálogo e o entendimento, aliado a uma política para o setor, tivesse prevalecido, a paralisação teria sido evitada. O empobrecimento e a necessidade de sobrevivência nortearam o movimento.

Ao assumirmos o governo do Rio Grande do Sul, tivemos como meta priorizar os setores com maior grau de dificuldades. Adotamos medidas, como a redução dos preços dos pedágios, que num primeiro momento foram criticadas por integrantes do governo federal. Consideramos os valores cobrados nas praças pedagiadas um absurdo, já que por meio de um trabalho técnico, feito pela Contadoria e Auditoria Geral do Estado ( CAGE), foram apontados vícios nos contratos, como o superfaturamento das tarifas. Fato que beneficiava, exclusivamente as concessionárias, em detrimento dos usuários e, em especial, prejudicava os caminhoneiros e transportadores de cargas.

Fomos solidários com o conteúdo dos pleitos dessas categorias, por estarmos cientes das grandes dificuldades que elas estão enfrentando. Por outro lado, apelamos para que o tráfego nas rodovias tivesse curso normal, com a preservação dos alimentos perecíveis. Alertamos que o direito de ir e vir precisava ser respeitado. Realizamos reuniões na secretaria dos Transportes com representantes do movimento no Estado, na busca de uma solução para o impasse.

Debatemos as solicitações do setor, com relação aos preços cobrados nas praças de pedágios, valores dos fretes, segurança e conservação das rodovias, etc. Para amenizar a situação, o Governo do Estado lançou o Plano de Obras Rodoviárias para 1999, prevendo recursos de R$ 299 milhões na construção e recuperação das estradas gaúchas, o que supera os investimentos de todos os governos anteriores no primeiro mandato. Com relação à segurança nas rodovias, estão sendo realizadas melhorias na sinalização com a promoção simultânea de ações preventivas e educativas buscando evitar a violência nas estradas.

Consideramos válida a atitude do Governo Federal de receber as categorias e ouvir suas reivindicações. Esperamos que revejam posições e mantenham a palavra dada, pois parte dela está sendo descumprida a partir do aumento dos combustíveis. E mais ; há uma indefinição no que diz respeito aos reajustes dos fretes e na fixação dos índices mínimos para a remuneração dos caminhoneiros.