Desenvolvimento Econômico e a Rede Brasil de Tecnologia
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[01/03/2003]
O Brasil necessita conceber uma estratégia que permita, simultaneamente, uma inserção autônoma no mercado internacional e o desenvolvimento amplo do mercado interno. Essa estratégia tem como finalidade melhorar de forma significativa a distribuição de renda e as condições sociais do conjunto de sua população. Isto não poderá ser feito sem a concepção e a execução de uma Política Industrial e agro-industrial fortemente embasada no desenvolvimento tecnológico.
Na prática, isto implica em direcionar esforços no sentido da substituição das importações, através da geração local de bens e serviços competitivos internacionalmente, e pelo incremento substancial da atual pífia participação brasileira nas trocas internacionais via comercialização de bens e serviços com o maior valor agregado possível.
O tipo de inserção buscada não deve ser confundida com experiências do passado, na medida em que a transformação aqui proposta somente encontrará sustentação, e este deve ser o mote das ações, em uma clara noção de competitividade empresarial, a partir da competência e da inteligência nacionais.
Neste contexto, o poder público necessita desempenhar um papel indutor do desenvolvimento tecnológico, articulado diretamente com as potencialidades sócioeconômicas-ambientais do país. Torna-se, assim, necessário priorizar ações a partir de cadeias produtivas com grande capacidade de alavancagem do desenvolvimento do Brasil
Este é, sem sombra de dúvida, o caso da Cadeia de Petróleo e Gás.
Dados e fatos relacionados às perspectivas de investimento na Indústria de Petróleo e Gás no Brasil mostram a relevância e o potencial da mesma na dinamização do tecido sócioprodutivo. As estimativas atuais apontam para investimentos da ordem de 100 bilhões de dólares nos próximos 10 anos. Somente a PETROBRÁS deverá estar, em 3 anos, investindo cerca de 20 bilhões de dólares na exploração e produção de petróleo.
Faz-se necessário observar dois aspectos relevantes no quadro aqui traçado. Primeiro, que o setor de petróleo e gás demanda uma variedade ampla de tecnologias de materiais, produtos e processos de fabricação, com ampla capilaridade em diferentes segmentos da indústria de base (metal-mecânica, polímeros, eletro-eletônica, software etc), cujo desenvolvimento pode ser alavancado pela escala econômica do setor.
Segundo, cabe uma observação qualitativa altamente relevante: a PETROBRÁS possui tecnologia de ponta no âmbito mundial para exploração de petróleo em águas ultra-profundas. Sendo assim, as Empresas Brasileiras que se capacitarem para atender as suas demandas estarão automaticamente em situação privilegiada para o fornecimento ao mercado internacional do PETRÓLEO.
A proposta de nossa autoria de criar a Rede Brasil de Tecnologia, inspirada na exitosa experiência da Rede Petro RS, representa com certeza um ação estratégica, de cunho inovador, a ser empreendida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, na gestão do Ministro Roberto Amaral. Esse movimento deverá ocorrer no sentido de articular diferentes áreas dos governos federal e estaduais, atores empresariais e tecnológicos e a sociedade civil, visando a promoção de um ambiente favorável ao desenvolvimento tecnológico autônomo do país e, por decorrência, da elevação das condições sócioeconômicas vigentes. A Rede nacional está sendo organizada em vários estados brasileiros e deverá ser lançada em curto prazo.
Posta a relevância do setor de Petróleo e Gás, a Rede Brasil de Tecnologia tratará, inicialmente da articulação das cadeias produtivas que fornecem produtos e serviços a essa importante Indústria. Na seqüência, outras cadeias produtivas estratégicas e de alto poder de alavancagem para o país farão parte da trajetória de trabalho.