Não seria possível falar na Ferrovia de Contestado sem antes mencionar que os primeiros sucessos do sistema ferroviário na América do Sul, foram registrados no Brasil, com a Estrada de Ferro Mauá, localizada em território fluminense e inaugurada oficialmente em 1854. Já no ano de 1889, o Rio Grande do Sul foi contemplado com uma importante decisão, obter a concessão para construir, usufruir e administrar uma estrada de ferro que, partindo das margens do rio Itararé, divisa entre os estados do Paraná e São Paulo, terminasse em Santa Maria da Boca do Monte, no RS – a chamada Ferrovia de Contestado, compreendendo 6.586 quilômetros.
Hoje é possível observar a importância deste investimento no sistema ferroviário que, por muitos anos sob o poder público, mostrou-se eficiente no que diz respeito ao transporte de cargas e passageiros.
Caracterizando-se como a melhor alternativa para grandes volumes e distâncias, o sistema ferroviário deve, também atuar com responsabilidade, no que diz respeito à preservação do meio ambiente. Entretanto, os governos que se sucedem persistem no objetivo de entregar patrimônio público à iniciativa privada. A RFFSA foi privatizada, em 1997, sem que houvesse qualquer contestação por parte do Governo e, a Ferrovia entregue a um consórcio, formado por empresas norte-americanas, que pouco conhecem sobre a realidade brasileira.
Basta observar a situação atual da malha ferroviária, pós-privatização, e constatar o estado de profundo sucateamento em que se encontra. Um exemplo incontestável é a queda na produção, com o decréscimo de 8,6% (375 mil toneladas) no transporte de cargas, verificada em 1997, sob a administração privada. Estes dados estão distantes de resultados históricos registrados pela RFFSA como de 6,0 milhões de toneladas ao ano.
Para o Governo da Frente Popular a cultura do sistema ferroviário é o assunto do momento e precisa ser alterada e valorizada, tanto para o transporte de passageiros como para o de cargas. À frente da Secretaria Estadual dos Transportes, nosso trabalho será voltado a viabilização de todos os modais de transportes. Para nós, já está lançado o desafio: ou a atual concessionária da ferrovia investe e trabalha visando ampliar e modernizar a malha ferroviária gaúcha, ou vamos estabelecer políticas capazes de atrair outros empreendedores, que estejam dispostos a assumir a tarefa.
