O Porto do Cone Sul

Sep 17 2007
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[17/09/2007]
O Brasil ingressa em um período de crescimento sustentável. Um conjunto de indicadores econômicos favoráveis evidencia esse fenômeno. Inflação baixa e controlada, superávit primário contínuo e redução do déficit nominal, evolução da poupança e do investimento, taxa de risco-país de 156 pontos, a mais baixa da história, e a expectativa de evolução do Produto Interno Bruto (PIB) prevista de 5% para 2008.

Os fundamentos sólidos da economia brasileira estimulam, desde já, o aumento dos investimentos públicos e privados, nacionais e estrangeiros. Porém, ainda há obstáculos ao processo de modernização do país, que devem ser superados com a execução das reformas estruturais, por exemplo, na área de infra-estrutura. O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), um robusto conjunto de ações que prevê investimentos da ordem de R$ 500 bilhões, é uma ousada iniciativa do governo federal com o objetivo de aumentar investimentos e dar nova forma à sua gestão.

O PAC injetará recursos em três grandes eixos: infra-estrutura logística (estradas, portos e aeroportos), infra-estrutura energética (geração e transmissão de energia elétrica, petróleo, gás natural e combustíveis renováveis), e infra-estrutura social e urbana (saneamento, habitação, transporte coletivo e recursos hídricos). Com isso, o governo pretende diminuir os entraves para o crescimento, desonerar as cadeias produtivas e estimular o investimento privado. Um exemplo das ações do plano é a redução de impostos para setores potenciais como construção civil, infra-estrutura, semicondutores e microcomputadores.

Outro são as obras, muitas já em andamento. No município de Rio Grande temos umas das principais obras do PAC no país. Serão investidos um total de R$ 265,5 milhões apenas na expansão dos molhes. Além disso, está previsto o aprofundamento do canal de acesso ao porto. As duas obras farão de Rio Grande o principal porto do Cone Sul, com grande impacto econômico não apenas para o município, como para toda a região sul do Estado. A visita do ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, nesta segunda-feira a Rio Grande, demonstra o grande interesse do governo neste projeto.

Apesar da localização privilegiada no Mercosul, o Porto de Rio Grande mantém estabilizada sua movimentação de cargas em torno de 20 milhões de toneladas anuais, devido às limitações de estrutura. Esta obra será fundamental para permitir o aumento da movimentação e o incremento na exportação pelo sul do Brasil. Com isso, Rio Grande será o porto de águas mais profundas entre São Sebastião, no litoral de São Paulo e Bahia Blanca, no sul da Argentina. Então poderá atrair cargas da Bacia do Prata, como grãos da Argentina, Paraguai e Bolívia, minérios de Mato Grosso do Sul e da Bolívia, madeiras do Uruguai e contêineres de vários países.

A região do Prata concentra uma movimentação de 40 milhões de toneladas/ano de granéis agrícolas, 10 milhões de toneladas/ano de minério e 3 milhões de contêineres ao ano. A redução dos fretes cobrados, em decorrência do emprego de navios de grande porte, será um grande fator de atração de cargas para o porto. Da mesma forma, a existência de dois estaleiros navais no local e de depósitos de combustível reforçará o papel de Rio Grande como um porto concentrador e distribuidor de cargas, mas também como um centro de abastecimento e de reparos de navios de grande porte no hemisfério sul.

Os investimentos públicos não se esgotam nas melhorias da infra-estrutura portuária. Pela primeira vez, uma plataforma será montada no Rio Grande do Sul. Em outros tempos, lembre-se, as plataformas brasileiras eram montadas por mãos estrangeiras. Por conta disso, a construção naval brasileira permaneceu estagnada nos últimos 20 anos. Hoje, a P-53 já impacta o mercado de trabalho, o setor imobiliário, a construção civil e o comércio regionais. Gera emprego e renda para gaúchos. Portanto, é evidente que o país vive tempos mais promissores. E é muito significativo que a região sul faça parte deste novo ciclo de desenvolvimento econômico e social.
 
(*) Deputado federal, vice-líder do governo na Câmara dos Deputados