Paz no Trânsito

Apr 10 2004
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[10/04/2004]

Não são as guerras ou a violência urbana que mata mais pessoas no mundo, mas o trânsito. Pelos dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OECD), os acidentes de trânsito provocaram em 2002, 1,2 milhão de mortes no mundo, enquanto 600 mil pessoas perderam a vida em homicídios e 300 mil em conflitos armados. O problema é comum a países pobres e ricos, sem exceção, e põe em alerta as autoridades públicas de trânsito e da saúde.

Não é por acaso que este ano o slogan do Dia Mundial da Saúde, promovido na próxima quarta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é Segurança no Trânsito não é acidental. O tema será discutido por especialistas, organizações não-governamentais e governos em várias partes do mundo. No Brasil, a Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados fará uma, audiência pública, em Brasília, mas atividades sobre o assunto acontecerão pelo país afora.

A violência no trânsito produz uma taxa de mortes no trânsito é de 6,80 vítimas para 10 mil veículos, segundo o Departamento Nacional do Trânsito (Denatran). O saldo anual, conforme o Ministério da Saúde, aproxima-se das 30 mil vítimas fatais. Apenas para efeito de comparação, isso significa que, em apenas dois finais de semana, o trânsito brasileiro mata mais que as 200
vítimas do atentado do último dia 11, em Madri.

Além dos danos a pessoa, outro fator a ser considerado são as perdas financeiras provocadas pelos acidentes. A estimativa mundial é de US$ 65 bilhões por ano. No país, esse custo chega a R$ 5,3 bilhões, apenas em aglomerações urbanas, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Incluem-se aí gastos com perda da produção (42%), danos a veículos
(28,8%), atendimento médico-hospitalar (15%), processos judiciais, congestionamentos e custos previdenciários.

Há seis anos, o país avançou decisivamente com a aprovação do Código Brasileiro de Trânsito (CBT). Considerado uma das legislações mais modernas do mundo, o CBT despertou a atenção da sociedade para o problema do trânsito. Campanhas de conscientização se espalharam pelo país e o número de mortos em acidentes começou a cair.

Entretanto, ainda temos um longo caminho a trilhar. A questão legal está bem resolvida, mas para vencermos essa guerra é preciso apostar ainda mais na conscientização da sociedade, no rigorismo da aplicação do CBT, no investimento público em segurança e na fiscalização severa. A paz no trânsito é direito de todos, mas responsabilidade de cada um de nós.

* Deputado federal, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro