Política externa e desenvolvimento

Feb 23 2006
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[23/02/2006]

Em três anos de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil consolida posição de crescente destaque no cenário internacional ao construir oportunidades de diálogo, cooperação e negócios, romper antigas fronteiras geográficas e comerciais, contribuir para a democratização dos organismos multilaterais e para a conformação de uma nova geografia política, econômica e social.

Sem aceitar como fato consumado uma ordem internacional injusta, a atuação externa do Brasil baseia-se na defesa do interesse nacional e das nações em desenvolvimento, e na solidariedade continental, especialmente no combate à fome e na contribuição à paz no mundo.

Na melhor tradição de nossa diplomacia, e com o potencial produtivo de sua indústria e agricultura, além da excelência em serviços, o Brasil inaugura relações multilaterais, valoriza parceiros tradicionais do mundo industrializado e consolida as pontes entre as nações da América do Sul, ampliando e fortalecendo o bloco do Mercosul.

Apesar da má vontade de setores isolados da oposição com o governo Lula, não há como negar o sucesso de sua atuação externa. As estatísticas sobre o comércio exterior, por exemplo, revelam resultados excepcionais. Basta lembrar que até 2002, o país acumulou sete anos consecutivos de déficit na balança comercial. E que em 2005, o comércio exterior brasileiro ultrapassou sua marca histórica, alcançando, em 12 meses, 111 bilhões e 200 milhões de dólares em exportações e 71 bilhões e 100 milhões em importações.

Nossas exportações para os países em desenvolvimento já representam mais de 50% do volume total. O comércio no Mercosul também evoluiu. Em 1990, o Brasil exportou para a Argentina 645 milhões de dólares e importou 1,4 bilhão. Em 2004, depois de nove anos de resultados favoráveis àquele país, o Brasil obteve saldo positivo de 1,8 bilhão de dólares, já com 7,37 bilhões de dólares em exportações.

Mas o Brasil mudou sua atitude diante do bloco: além de parceiro comercial, assumiu o papel de indutor do desenvolvimento comum da região, com o objetivo de avançar na integração física, econômica, comercial, social e cultural. Uma iniciativa inédita é a criação da Comunidade Sul-Americana de Nações. Esta, entre outras ações importantes com a Venezuela, a Bolívia, o Uruguai e o Paraguai, refletem a convicção do Brasil na necessidade de desenvolver políticas comuns e fortalecer o bloco no âmbito institucional.

As relações de cooperação, política e comércio também se ampliaram com a União Européia, países africanos e árabes, a China, a Índia, a Coréia do Sul, a Rússia e o Japão. No último ano, deu-se o primeiro passo para a integração bi-regional Sul-Sul, com a Cúpula América do Sul – Países Árabes, em Brasília. Foi o primeiro encontro internacional, na história recente, para aproximação de duas regiões inteiras do mundo em desenvolvimento.

A missão brasileira à Ásia, da qual participei, no mesmo ano, garantiu investimentos da ordem de 4 bilhões de dólares no país. Essa política de expansão comercial é fundamental para Estados exportadores como o Rio Grande do Sul. Na visita à Coréia do Sul e ao Japão, o Brasil tratou, por exemplo, da exportação de software, metanol e biodiesel. Esses itens terão cada vez mais peso na pauta de exportações do Estado, que já responde por um quarto das vendas brasileiras.

O país tem despontado na discussão de temas como o desenvolvimento sustentável, a redução de subsídios agrícolas nos países ricos e a ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que pretende integrar.

Com um novo nível de maturidade, enfim, a política externa brasileira coloca-se, de forma afirmativa e elevada, empenhada na consolidação do desenvolvimento nacional, na presença do país no concerto internacional; e na tarefa de contribuir para a reforma do modelo de desenvolvimento global, para a superação da miséria e a construção da paz mundial.

(*) Deputado PSB/RS, vice-líder do governo Lula na Câmara dos Deputados